CRONOLOGIA DO LIBERALISMO
1910/1926
Busto da República
Grupo de Revolucionários civis e militares, em Lisboa
Outubro, 5 - Instauração do regime republicano. O Exército, sobretudo o seu corpo de oficiais, não participou, de facto, nem a favor nem contra a insurreição. É organizado um governo provisório presidido por Teófilo Braga.
Outubro, 6 - Proclamação da República no Porto.
Outubro, 8 - São promulgados os decretos que expulsam os Jesuítas e encerram os conventos, tanto os masculinos como os femininos.
Outubro, 9 - Os presos pertencentes a associações secretas são libertados. O objectivo é libertar os membros da Carbonária, a organização bombista republicana.
Outubro, 10 - As perseguições religiosas, durante a primeira semana de governo republicano, fazem com que nas prisões de Lisboa estejam encarcerados 128 padres e 233 freiras, tendo sido assassinados dois padres lazaristas.
- As perseguições políticas em Lisboa produzem a destruição dos jornais Liberal, do partido progressista, e Portugal, católico.
- José Relvas é nomeado ministro da fazenda, devido à recusa de Basílio Teles em tomar posse.
Outubro, 12 - É criada a Guarda Nacional Republicana, novo nome dada às Guardas Municipais de Lisboa e Porto. A criação da Guarda tinha como objectivo retirar ao exército, encarado como a Nação em Armas, a função de defesa do regime, e de manutenção da ordem pública. Esta divisão de tarefas nunca existiu na prática.
Outubro, 14 - A família real chega a Inglaterra, após passagem por Gibraltar.
- O jornal a República Portugueza começa a circular, defendendo a instauração de uma ditadura revolucionária, contra os provisórios - membros do grupo que domina o governo provisório - e os adesivos - os convertidos ao regime considerados oportunistas. Os seus criadores são antigos cabecilhas da greve académica republicana de 1907, e entre eles conta-se Alfredo Pimenta, Francisco Pulido Valente, Manuel Bravo e Tomás da Fonseca.
Outubro, 17 - Criação de uma comissão para estudar a reorganização do exército. Irá tentar-se criar um exército miliciano, mas de facto o núcleo profissional irá manter-se inalterável. A Policia Civil de Lisboa adopta o nome de Policia Cívica.
- Na Universidade de Coimbra a Sala dos Capelos é destruída, e os retratos dos reis D. Carlos e D. Manuel baleados, no decurso de uma manifestação contra os professores monárquicos e a universidade fradesca.
Outubro, 18 - O ensino da doutrina cristã é abolido, assim como o juramento religioso em actos oficiais. Os títulos nobiliárquicos são abolidos.
Outubro, 19 - Manuel de Arriaga é nomeado reitor da Universidade de Coimbra..
Outubro, 20 - O Núncio Apostólico abandona Lisboa.
Outubro, 21 - O bispo de Beja é suspenso das suas actividades apostólicas, devido ao abandono da sede episcopal, o que tinha acontecido por ter sido ameaçado de morte. Será destituído em 18 de Abril de 1911.
Outubro, 22 - O Brasil e a Argentina são os primeiros países a reconhecer oficialmente a República Portuguesa. O ensino da doutrina cristã é proibida no ensino primário.
Outubro, 23 - O foro académico é abolido, assim como a obrigatoriedade do uso de capa e batina.
Outubro, 26 - Os dias santificados são abolidos, com a excepção do Domingo, passando a ser considerados dias de trabalho.
Outubro, 27 - Aparecimento do Correio da Manhã, organizado por jornalistas franquistas e que se assumem «representantes das classes conservadoras».
Novembro, 3 - É promulgada a lei do divórcio.
Novembro, 10 - A Grã-Bretanha reconhece de facto a República portuguesa, quando desembarca em Lisboa o novo embaixador.
Novembro, 11 - Continuando as perseguições por motivos religiosos, Afonso Costa propõe a divulgação dos nomes e das biografias dos jesuítas que viviam em Portugal.
Novembro, 12 - Surge o jornal O Intransigente, o órgão dos verdadeiros carbonários, dirigido por Machado Santos.
Novembro, 15 - Greve dos trabalhadores da Carris, que deu início a uma vaga grevista.
Novembro, 22 - Brito Camacho é nomeado ministro do Fomento, nova denominação para o ministério das Obras Públicas, substituindo António Luís Gomes.
Dezembro, 1 - A Bandeira Nacional republicana é inaugurada.
Dezembro, 6 - O direito à greve e ao lock-out é severamente restringido, por um decreto que ficará conhecido pelo decreto burla.
Dezembro, 25 - É instituído o casamento civil, e promulgada uma «Lei da Família».
Dezembro, 31 - As associações religiosas são reguladas, proibindo-se o exercício do ensino e a utilização pública de hábitos talares aos seus membros.
1911
Janeiro, 6 - António José de Almeida apresenta um projecto de regulamentação do horário de trabalho, que não é aprovado pelo conselho de ministros, ameaçando demitir-se. O projecto visa dar resposta à principal revindicação dos movimentos grevistas.
Janeiro, 7 - Greve geral dos ferroviários, que termina o movimento grevista iniciado em 15 de Novembro de 1910. A resposta da GNR aos piquetes e manifestações sindicais é normalmente violenta.
Janeiro, 8 - Continuação das perseguições políticas com assalto às redacções dos jornais monárquicos de Lisboa, Correio da Manhã, O Liberal e Diário Ilustrado.
Janeiro, 10 - Regulamentação do descanso semanal obrigatório ao Domingo.
Janeiro, 11 - António José de Almeida aparece na Assembleia Geral dos Caixeiros, no Ateneu, e informa que se tenciona demitir devido à oposição de Afonso Costa e Brito Camacho ao seu projecto. Organiza-se uma manifestação que, dirigindo-se para o Terreiro do Paço, exige a sua permanência no governo. Teófilo Braga, o presidente do governo provisório, aceita, «em face da atitude do povo».
Janeiro, 15 - Começa a ser publicado o jornal República, dirigido por António José de Almeida.
- A Carbonária manifesta-se em Lisboa contra o movimento grevista, fazendo desfilar os chamados batalhões de voluntários da República.
Janeiro, 21 - O culto católico é proibido na capela da Universidade de Coimbra.
Fevereiro, 1 - Continuação da repressão política, com a destruição do Centro Académico de Democracia Cristã.
Fevereiro, 15 - É criada uma comissão para estudo da reforma da ortografia.
- João Chagas demite-se da junta consultiva do partido republicano, devido à nomeação de José Relvas e Brito Camacho para o Governo provisório.
Fevereiro, 17 - Continuam as perseguições políticas, com ameaças a Sampaio Bruno, que o levou a susper a publicação do Diário da Tarde, jornal que tinha fundado no Porto, e começado a sua publicação em 2 de Janeiro. Sampaio Bruno partiu para o exílio em Paris, depois de ter sido ameaçado pelo novo governador civil republicano do Porto.
Fevereiro, 18 - É instituído o Registo Civil obrigatório, com encerramento dos registos paroquiais.
Fevereiro, 23 - Numa pastoral colectiva, divulgado sem pedido prévio de autorização ao governo, os bispos portugueses tomam posição contra as medidas de laicização tomadas pelo governo até ao momento.
- Continuam as perseguições políticas, com confrontos, no Porto, entre republicanos e católicos, membros do Centro Católico e da Associação Católica.
Março, 2 - Lei do recrutamento. Instaura teoricamente, mas não de facto, o recrutamento universal. O sistema oficial das remissões - pagamento de um substituto - acaba, mas é substituído pelo sistema - corrupto - de pagamento para se ficar «não apto».
Março, 3 a 7 - Conflito entre Afonso Costa, que enquanto ministro da Justiça estava encarregado de supervisionar os Cultos, e os bispos devido à pastoral de 23 de Fevereiro, que o ministro queria ter censurado previamente, afirmando que negava o beneplácito do governo, o antigo beneplácito régio, vindo do século XIV.
Março, 14 - Promulgação da Lei eleitoral. O sufrágio universal, uma das principais bandeiras do partido republicano, não é estabelecido.
Março, 22 - São criadas as Universidades de Lisboa e do Porto, e criada uma Faculdade de Letras na Universidade de Coimbra, em substituição da Faculdade de Teologia, extinta.
Março, 29 - Reorganização do ensino primário, criando-se o ensino oficial infantil, novo nível de ensino que de facto não é posto em prática.
Abril, 20 - É promulgada a Lei de Separação entre o Estado e a Igreja. Os bens da igreja são nacionalizados e o culto supervisionado. O Vaticano cortou relações com Portugal devido a esta lei.
3 de Maio - Publicação do Decreto de organização da Guarda Nacional Republicana. Rapidamente começará a intervir na vida política.
22 de Maio - Institucionalização do Escudo como moeda oficial, em substituição do real. Não se trata de uma reforma monetária mas sim de uma alteração do processo de conta.
25 de Maio - Decreto de reorganização do Exército. Previa a existência de 8 divisões e 1 brigada de cavalaria, com um quadro permanente de 1.773 oficiais e 9.926 praças. O serviço militar devia ser geral e obrigatório. Os mancebos passavam por uma escola de recruta, de 15 a 30 semanas, sendo chamados quase todos os anos (7 em 10) para as escolas de repetição, que duravam 2 semanas. Criavam-se também escolas de quadros, que formariam os futuros oficiais milicianos.
28 de Maio - Realizam-se as eleições para a Assembleia Nacional Constituinte.
19 de Junho - Abertura da Assembleia Constituinte, composta de 229 membros. Sanciona a implantação da República e a abolição da Monarquia. Estabelece as cores e o desenho da Bandeira Nacional e adopta a Portuguesa, de Alfredo Keil, como Hino Nacional
- Os Estados Unidos da América reconhecem a República Portuguesa, sendo a primeira potência com algum significado a fazê-lo.
21 de Agosto - Promulgação da Constituição da República.
24 de Agosto - Eleição do Presidente da República. O escolhido, pelo colégio eleitoral formado pelas duas câmaras da Assembleia, é Manuel de Arriaga, que exercerá o cargo até Janeiro de 1915.
- A França reconhece a República portuguesa, sendo o primeiro país europeu a fazê-lo
25 de Agosto - A Constituição entra em vigor.
3 de Setembro - Nomeação do primeiro Governo Constitucional da República, dirigido por João Chagas, mas com a oposição do grupo liderado por Afonso Costa.
11 de Setembro - Reconhecimento conjunto da República portuguesa pelas grandes potências europeias, todas monárquicas: Grã-Bretanha, Espanha, Alemanha, Itália e Áustria-Hungria.
12 de Setembro - A reforma ortográfica é instituída.
21 de Setembro - O Partido Republicano Português cinde-se em quatro tendências: democráticos ou radicais, dirigidos por Afonso Costa, unionistas, dirigidos por Brito Camacho, evolucionistas, de António José de Almeida e independentes.
5 de Outubro - Primeira incursão monárquica, comandada por Paiva Couceiro, em Trás-os-Montes. O ministro da guerra, general Pimenta de Castro, será exonerado dia 8 de Outubro seguinte, devido a divergências com João Chagas, presidente do Conselho de Ministros. Será substituído pelo major Alberto da Silveira.
20 de Outubro - António José de Almeida, ministro do interior, é vaiado no Rossio, abandonando o Partido Republicano.
27 a 30 de Outubro - Congresso do Partido Republicano Português. A direcção eleita é da confiança de Afonso Costa. A partir do Congresso passará a ser conhecido por Partido Democrático.
4 de Novembro - O governo de Angola pede auxílio a Lisboa para pôr cobro à rebelião instalada no planalto de Benguela, assim como no Bié, Lunda e Norte do Cassai.
13 de Novembro - Nomeação do segundo governo da República, dirigido por Augusto de Vasconcelos. Sobreviverá até 16 de Junho de 1912.
Dezembro - Realiza-se o recenseamento da população portuguesa. A população ascendia a 5.950.056 habitantes. 80% trabalhava na agricultura e 75% era analfabeta.
1912
14 de Janeiro - A perseguição anti-clerical continua, com a proibição dos bispos de Coimbra e Viseu residirem no distritos das suas dioceses.
28 a 30 de Janeiro - Greve geral em Lisboa de apoio aos trabalhadores do Alentejo. A resposta do governo levou ao encerramento de todas as sedes sindicais, declaração do estado de sítio e suspensão de todas as garantias constitucionais no distrito de Lisboa.
31 de Janeiro - Forças militares e da carbonária tomam de assalto a União dos Sindicatos. Os presos são enviados para bordo da fragata D. Fernando e do transporte Pêro de Alenquer.
7 de Fevereiro - O governo britânico desmente os boatos, postos a circular pelo embaixador português Teixeira Gomes, que davam como certo um acordo entre o Reino Unido e a Alemanha para divisão das colónias portuguesas de África.
24 de Fevereiro - António José de Almeida funda o Partido Evolucionista.
26 de Fevereiro - Brito Camacho funda o partido unionista - Partido União Republicana.
5 de Março - António José de Almeida apresenta um projecto de amnistia, que englobaria os monárquicos presos por atentarem contra o regime republicano. A proposta serviu de apresentação do partido evolucionista, e foi recusada.
15 de Abril - O Presidente do Ministério e ministro dos negócios estrangeiros, Augusto de Vasconcelos, garantiu na Câmara dos Deputados não existir nenhum tratado entre a Inglaterra e a Alemanha «de natureza a ameaçar a independência, a integridade e os interesses de Portugal ou de uma parte qualquer dos seus domínios.»
27 de Abril - O grupo de Afonso Costa domina o Congresso do Partido Democrático, realizado em Braga.
Maio - O Centro Académico de Democracia Cristã é reactivado, com uma direcção formada por Gonçalves Cerejeira, Oliveira Salazar e Pacheco de Amorim.
Maio / Junho - Greve da Carris que dura 26 dias.
16 de Junho - Tomada de posse do 3.º governo constitucional da República, dirigido por Duarte Leite, e constituído por tês membros do partido democrático, 2 evolucionistas e um independente.
6 e 7 de Julho - As forças monárquicas de Paiva Couceiro entram, pela segunda vez, em Portugal tentando tomar a praça de Valença, o que não conseguem. Entrarão no dia seguinte em Trás-os-Montes tentando capturar Chaves.
8 de Julho - Combate de Chaves. Os monárquicos são completamente desbaratados, deixando alguns mortos e feridos no campo.
10 de Julho - Os projectos de construção dos caminhos-de-ferro de Benguela, em Angola, e da Zambézia, em Moçambique, são aprovados.
8 de Agosto - O governador Norton de Matos funda a cidade de Nova Lisboa, actual Huambo, em Angola.
Agosto - Realiza-se em Évora o 1.º Congresso dos Trabalhadores Rurais.
10 de Novembro - Afonso Costa, discursando em Santarém, afirma que «neste momento, em que vai talvez dar-se uma conflagração europeia ... nós não sabemos ainda qual terá de ser o nosso papel, porque não está definida verdadeiramente a natureza, a extensão, os efeitos da nossa aliança com a Inglaterra.»
18 de Dezembro - Um relatório secreto do Estado-Maior da Marinha britânica, conclui que Portugal não tinha para a Grã-Bretanha grande valor estratégico, desde que os seus territórios atlânticos não caíssem nas mãos de potências hostis.
1913
9 de Janeiro - Tomada de posse do 1.º governo Afonso Costa, formado unicamente por membros do partido democrático.
24 de Janeiro - A organização da Cruz Vermelha Portuguesa é aprovada.
21 de Fevereiro - Confirmam-se as suspeitas de existência de negociações, entre a Grã-Bretanha e a Alemanha, sobre a remodelação do tratado anglo-alemão de 30 de Agosto de 1898, que de facto tratava da partilha das colónias portuguesas.
5 de Março - Lisboa informa os embaixadores de Paris e de Berlim da sua adesão ao Acordo Franco-Alemão de 4 de Novembro de 1911, que pôs fim à segunda crise marroquina.
Abril - Reunião do 2.º Congresso dos Operários Agrícolas, em Évora.
27 de Abril - Tentativa revolucionária contra o primeiro governo presidido por Afonso Costa. É a primeira vez que republicanos participam num golpe contra um governo republicano.
28 de Abril - A publicação de vários jornais de Lisboa é suspensa.
10 de Junho - Lançamento de bombas sobre o cortejo de homenagem a Camões, que era constituído fundamentalmente por crianças.
21 de Junho - Promulgação de uma lei que impõe a aplicação no novo sistema monetário aprovado em 1911.
30 de Junho - A lei orçamental autoriza o governo a criar a Faculdade de Ciências Económicas e Políticas, previsto na Constituição Universitária de 1911, com o nome de Faculdade de Estudos Sociais e de Direito. O seu primeiro director será Afonso Costa. Só em 1918 adoptará o nome de Faculdade de Direito.
3 de Julho - O governo Afonso Costa retira o direito de voto aos chefes de família analfabetos. O sufrágio universal continua a não ser aplicado em Portugal, ao contrário de países como a Alemanha, Itália, Áustria, Montenegro, Suécia e Suiça. O número de eleitores continua igual ao existente no tempo da monarquia.
7 de Julho - Tentativa revolucionária radical com assalto ao Quartel de Marinheiros. É criado o Ministério da Instrução Pública.
10 de Julho - O governo corta as relações com o Vaticano e fecha a embaixada de Portugal junto da Santa Sé.
20 de Julho - Tentativas monárquicas de assalto a vários quartéis de Lisboa, contra os quais foram arremessadas bombas explosivas.
31 de Julho - Por meio de um ofício secreto, o ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, Edward Grey, informa o seu embaixador em Portugal, Arthur Hardinge, de que o governo da Grã-Bretanha «opor-se-ia à intervenção de qualquer outra potência excepto a Espanha» nos assuntos portugueses.
8 de Agosto - 1.º Congresso do Partido Evolucionista.
13 de Agosto - É rubricado, com vista a posterior assinatura e ratificação, um novo Acordo Anglo-Alemão, que não só renovava as cláusulas do acordo de 1898 sobre as colónias portuguesas, acordo realizado no âmbito do pedido de empréstimo português após a bancarrota, mas também estabelecia uma nova partilha territorial, assim como alargava os fundamentos de intervenção.
23 de Agosto - Promulgação do novo Código Administrativo.
14 de Outubro - O jornal O Dia publica, reproduzindo o Daily Telegraph londrino, as supostas bases do acordo franco-espanhol de Cartagena em que a França permitiria que a Espanha de Afonso XIII, de acordo com uma hipotética base VIII, pudesse reclamar uma intervenção directa em Portugal, motivada pela progressão da anarquia política no país.
20 de Outubro - Nova tentativa de revolução monárquica levada a cabo por civis e liderada por João de Azevedo Coutinho.
- O texto definitivo do Acordo Anglo-Alemão de Agosto de 1913 é rubricado. O desmembramento e partilha das colónias portuguesas torna-se uma ameaça cada vez mais real.
16 de Novembro - Eleições suplementares para o Parlamento, com vitória do Partido Democrático que obtêm a maioria absoluta na Câmara dos Deputados.
9 de Dezembro - O ministro dos negócios estrangeiros alemão, fazendo no Reichtag o discurso anual sobre política externa, torna pública a existência de negociações com a Grã-Bretanha sobre as colónias portuguesas e prevê o êxito das mesmas.
16 de Dezembro - O embaixador português em Londres, Teixeira Gomes, consegue que o governo britânico se comprometa a não assinar o acordo anglo-alemão sem o requisito prévio da sua publicação. O que não interessava ao governo alemão.
1914
26 de Janeiro - Realiza-se uma manifestação a favor de Afonso Costa, assim como uma contra-manifestação promovida por Machados Santos.
9 de Fevereiro - O governo chefiado por Bernardino Machado toma posse, tentando ser um governo de reconciliação nacional. Propõem-se rever a lei da separação entre o Estado e a Igreja.
10 de Fevereiro - O embaixador francês em Londres, Paul Cambon, faz notar à Grã-Bretanha que a publicação do acordo anglo-alemão de Outubro de 1913 sobre as colónias portuguesas, tornava significativa a aproximação anglo-alemã, o que implicava o enfraquecimento da «Entente Cordiale» entre Paris e Londres.
22 de Fevereiro - Amnistia para os monárquicos, em que se inclui o bispo do Porto, punido por ter desobedecido à proibição de de ler nas missas a pastoral de Fevereiro de 1911.
14 de Março - Criação da União Operária Nacional, no decurso do Congresso Operário realizado em Tomar.
8 de Abril - Criação da Junta Central do Integralismo Lusitano, que publica um manifesto no primeiro número da revista Nação Portuguesa.
23 de Junho - 2.º governo dirigido por Bernardino Machado. Governo extrapartidário tendo por principal função a marcação e organização das eleições parlamentares.
28 de Junho - O arquiduque Francisco Fernando, herdeiro presuntivo do imperador austro-húngaro Francisco José, é assassinado em Sarajevo, capital da província da Bósnia-Herzegovina, por revolucionários sérvios..
- Discute-se no parlamento português o orçamento do ministério da Guerra. O ministro confidencia a um dos deputados, sobre o que o exército tinha ou não tinha para assegurar a defesa nacional: «Não digo que tem pouco, digo que não tem nada».
28 de Julho - A Alemanha acede a assinar o Acordo Anglo-Alemão sobre as colónias portuguesas nos termos pretendidos pela Grã-Bretanha.
- A Áustria-Hungria declara guerra à Sérvia. A Rússia mobiliza, dando início às movimentações que levarão ao desencadear em 4 de Agosto da Primeira Guerra Mundial.
1 de Agosto - A Alemanha declara a guerra à Rússia.
- A França ordena a mobilização geral dos exércitos.
3 de Agosto - A Alemanha declara a guerra à França, e invade o Luxemburgo e a Bélgica.
- O governo britânico entrega uma carta ao embaixador de Portugal em Londres, instando junto do «Governo português para se abster, por agora, de publicar qualquer declaração de neutralidade».
- Uma multidão junta-se à porta do Banco de Portugal, para trocar as notas por metal, provocando uma crise financeira temporária. O montante das trocas diárias vai diminuindo ao longo dos dias seguintes.
4 de Agosto - A Grã-Bretanha declara a guerra à Alemanha, devido à violação do Tratado de 1831 que declarava a Bélgica território neutral perpetuamente.
- O governo britânico informa oficialmente o governo português, por intermédio do seu embaixador em Lisboa, que «em caso de ataque da Alemanha contra qualquer possessão portuguesa, o Governo de Sua Majestade considerar-se-á ligado por estipulações da aliança anglo-portuguesa».
7 de Agosto - Devido ao deflagrar da 1.ª Guerra Mundial, o Congresso da República, reunido extraordinariamente aprova um documento de intenções sobre a condução da política externa. Afirma-se que Portugal não faltaria aos seus compromissos internacionais, sobretudo no que diz respeito à Aliança Luso-Britânica.
12 de Agosto - É decidida a organização de uma expedição militar com destino a Angola e a Moçambique.
- É assinado o Tratado de Comércio e Navegação Luso-Britânico.
- A França e a Grã-Bretanha declaram a guerra à Áustria-Hungria.
- O Japão declara a guerra à Alemanha.
18 de Agosto - É decidida a organização de uma expedição militar com destino a Angola e a Moçambique
25 de Agosto - Em Moçambique dá-se o primeiro incidente de fronteira, com o ataque alemão ao posto fronteiriço de Maziúa, na fronteira do Rovuma, tendo sido morto o chefe do posto e sendo incendiado o posto e as palhotas vizinhas.
11 de Setembro - Partida de Lisboa de uma expedição militar, comandada pelo tenente-coronel Alves Roçadas, com destino a Angola.
- Partida de um corpo expedicionário para Moçambique. O posto fronteiriço de Mazúa, na fronteira de Moçambique com a África Oriental Alemã (actual Tânzania) tinha sido novamente atacado.
18 de Setembro - Tumultos e assaltos a lojas em Lisboa e no Porto, devido ao aumento do custo de vida.
1 de Outubro - As forças expedicionárias do comando de Alves Roçadas desembarcam em Moçamedes, no Sul de Angola. A força era composta de 1 batalhão de infantaria, 1 pelotão de metralhadoras, 1 bateria de artilharia e 1 esquadrão de cavalaria.
10 de Outubro - O governo britânico, invocando a antiga aliança, «formalmente convida o Governo Português a deixar a sua atitude de neutralidade, e enfileirar activamente ao lado da Grã-Bretanha e dos seus aliados.»
19 de Outubro - Partida de uma missão militar, composta pelos capitães Ivens Ferraz, Fernando Freiria e Azambuja Martins para conferenciar com o estado-maior britânico.
- Incidente de fronteira em Naulila, no sul de Angola. São mortos três alemães, parte de uma missão, que tinha entrado na província sem autorização, e acampado na margem esquerda do Cunene, mas já no território da província.
20 de Outubro - Movimentos revolucionários monárquicos em Mafra e Bragança. Declaram-se contra a participação de Portugal na Guerra.
- O Partido Socialista promove uma manifestação de apoio ao Aliados.
22 de Outubro - As forças expedicionárias de Alves Roçadas e forças provinciais acabam a sua concentração em Lubango, no planalto de Moçamedes, preparando a defesa do sul de Angola contra quaisquer investidas de tropas vinda da África Alemã do Sudoeste.
30 de Outubro - Massacre de Cuangar. O posto português de Cuangar, na margem esquerda do rio Cubango, no Sul de Angola, é atacado por alemães armados de metralhadoras. São mortos dois oficiais, um sargento, cinco soldados europeus e treze africanos, o comerciante Sousa Machado e uma mulher, num total de 22 pessoas.
31 de Outubro - Alves Roçadas determina a organização das chamadas Forças em operações ao Sul de Angola, com as forças expedicionárias e forças da província.
1 de Novembro - A primeira expedição portuguesa para Moçambique desembarca em Porto Amélia, no norte da colónia. Era composta por 1 batalhão, 1 bateria e 1 esquadrão.
5 de Novembro - Forças militares de reforço da guarnição portuguesa em Angola partem de Lisboa, comandadas pelo capitão-tenente Coriolano da Costa, devido a incidentes graves com tropas alemãs na fronteira.
17 de Novembro - É proibida a subida ao palco de uma revista, no Teatro da Rua dos Condes, por dar um quadro pouco abonatório do exército português.
23 de Novembro - Reunião extraordinária do Congresso da República em que o governo é autorizado a participar na guerra ao lado da Grã-Bretanha, e a ceder desde logo 20.000 espingardas com 600 cartuchos cada uma e 56 peças de artilharia pedidas pelo governo britânico.
12 de Dezembro - Ministério dos «Miseráveis», presidido por Vítor Hugo de Azevedo Coutinho. Só sobreviveu até 25 de Janeiro do ano seguinte.
12 e 13 de Dezembro - Encontros entre patrulhas portuguesas e alemãs, no Sul de Angola, com troca de tiros.
17 de Dezembro - Forças alemãs, sob o comando do major Frank, acampam nas margens do Cunene.
18 de Dezembro - Combate de Naulila. As forças alemãs atacam as portuguesas obrigando-as a retirar, em direcção a Humbe, no Sul de Angola. Morrem 3 oficiais e 66 sargentos e soldados.
19 de Dezembro - As forças portuguesas abandonam Humbe, depois do paiol do Forte Roçadas ter explodido. Retiram mais para norte, para Gambos, com intenção de defender Lubango, no Sul de Angola.
- Motivados pelos combates entre forças europeias, as populações africanas da Huíla, no Sul de Angola, revoltam-se. São dirigidas pelo soba Mandume, da terra Cuanhama.
1915
15 de Janeiro - O presidente da república, Manuel de Arriaga, reúne os principais dirigentes políticos para ouvir a sua opinião sobre a política seguida pelo Partido Democrático, de Afonso Costa, de empurrar Portugal para a guerra.
20 e 21 de Janeiro - «Movimento das Espadas». A maior parte dos oficiais da guarnição de Lisboa, chefiados por Machado Santos e Pimenta de Castro, protesta por considerar que a demissão de um seu colega, o major João Craveiro Lopes, foi efectuada por motivos políticos.
20 e 21 de Janeiro - «Movimento das Espadas». A maior parte dos oficiais da guarnição de Lisboa,
23 de Janeiro - Aprovação do Tratado de Comércio e Navegação entre Portugal e a Grã-Bretanha.
25 de Janeiro - O presidente da república, Manuel de Arriaga, demite o governo do partido democrático e encarrega, em ditadura, isto é, sem que o Congresso tivesse em sessão, o general Pimenta de Castro de formar um novo governo com intenção de preparar eleições. A participação dos militares nos assuntos políticos torna-se cada vez maior.
3 de Fevereiro - Mais expedições militares partem para Angola, para fazer frente aos ataques constantes das forças alemãs.
7 de Fevereiro - É sagrado bispo do Funchal, D. António Manuel Pereira Ribeiro, a primeira sagração episcopal da República.
3 de Março - O aumento do preço do pão provoca assaltos às padarias e tumultos um pouco por todo o país.
4 de Março - Os deputados do Partido Democrático de Afonso Costa são proibidos de entrar no Parlamento. Os deputados e senadores democráticos reunidos em Loures, no Palácio da Mitra, aprovam uma moção declarando o ministério fora-da-lei.
20 de Abril - Amnistia para todos os presos políticos.
22 de Abril - Os vereadores da Câmara Municipal de Lisboa são intimados a ceder o lugar à Comissão Administrativa nomeado pelo governo. São presos por terem recusados.
23 de Abril - São demitidas pelo governo várias câmaras municpais do País, sendo substituídas por comissões administrativas.
10 de Maio - Grandes manifestações republicanas em Lisboa.
14 de Maio - Em Lisboa, grupos tumultuosos de pessoas assaltam armazéns e padarias à procura de comida. Aproveitando a situação republicanos civis e militares levam a efeito um movimento revolucionário que provoca centenas de mortos e feridos.
15 de Maio - O governo ditatorial de Pimenta de Castro é demitido, sendo nomeado João Chagas para formar o novo ministério. O general Norton de Matos é escolhido para ministro da Guerra.
17 de Maio - Devido a um atentado no Entroncamento à vida de João Chagas, que fica gravemente ferido e cego de um olho, José Ribeiro de Castro é nomeado chefe do governo.
29 de Maio - Teófilo Braga é nomeado presidente da república interino, devido à demissão no dia 15 de Maio de Manuel de Arriaga.
13 de Junho - O Partido Democrático ganha as eleições legislativas, obtendo a maioria absoluta.
1 de Julho - Nova Lei Eleitoral. Os militares no activo passam a ter direito de voto. Os analfabetos continuam a não poder votar.
3 de Julho - Afonso Costa sofre um traumatismo craniano quando se atira para fora de um eléctrico devido ao medo de um atentado bombista.
4 de Agosto - O governo é autorizado a contrair dois empréstimos, destinados a fazer face ao aumento das despesas com as forças expedicionárias enviadas para as colónias.
6 de Agosto - Bernardino Machado é eleito Presidente da República.
29 de Novembro - Afonso Costa, restabelecido de uma fractura do crânio, é nomeado chefe do governo, constituído unicamente por membros do Partido Democrático.
1916
17 de Fevereiro - O governo português recebe um pedido do governo britânico «em nome da aliança» de «requisição urgente de todos os barcos inimigos estacionados em portos portugueses».
23 de Fevereiro - Portugal apreende todos os navios mercantes alemães fundeados nos Portos portugueses, a fim de serem colocados ao serviço da causa comum luso-britânica, numa operação dirigida pelo capitão de fragata Leote do Rego, comandante da Divisão Naval de Defesa.
9 de Março - A Alemanha declara a guerra a Portugal.
15 de Março - Constituí-se o chamado governo de «União Sagrada», em que Afonso Costa cede o seu lugar de presidente do governo e cede o seu lugar a António José de Almeida.
16 de Março - É criado o Ministério do Trabalho.
25 de Março - O ministro da Guerra, general Norton de Matos, publica uma Ordem do Exército, esclarecendo a situação de guerra.
28 de Março - Todas as publicações, periódicas ou não, são obrigados à censura prévia enquanto durar a guerra. Várias organizações sindicais que se manifestaram contra a entrada de Portugal na guerra são dissolvidas.
20 de Abril - É decidida a censura à correspondência enviada para países estrangeiros e para as colónias, e da recebida destas.
9 de Junho - Afonso Costa, ministro das finanças, e Augusto Soares, ministro dos Negócios Estrangeiros, partem para Paris para participar na Conferência Económica dos Aliados. Nessa reunião considera-se como condição preliminar e sine qua non de paz a restituição dos territórios indevidamente ocupados pela Alemanha: Alsácia e Lorena à França, em 1871, e Quionga, Moçambique, em 1894, a Portugal.
15 de Junho - O governo britânico convida formalmente Portugal a tomar parte activa nas operações militares dos aliados.
22 de Julho - É constituído, em Tancos, sob o comando do general Norton de Matos, o Corpo Expedicionário Português (CEP), formado por 30 mil homens.
7 de Agosto - O Parlamento português aceita a participação de Portugal na Guerra de acordo com o convite formal do governo britânico de 15 de Junho.
31 de Agosto - É votada a pena de morte em situação de guerra.
Dezembro - O chefe do Estado-maior do CEP, major Roberto Baptista, parte para França, acompanhado de outros oficiais do Estado-maior para preparar a recepção das tropas portuguesas.
13 de Dezembro - Machado Santos faz, em Tomar, uma tentativa revolucionária, malograda. É decidido o estado de sítio e presas várias personalidades.
26 de Dezembro - O governo francês manifesta ao governo português o desejo, de que fosse enviado para França pessoal de artilharia necessário para guarnecer 20 a 30 baterias de artilharia pesada francesa.
1917
3 de Janeiro - Convenção com a Grã-Bretanha para regulamentação da nossa participação na frente europeia. O CEP ficará subordinado ao BEF (British Expeditionary Force).
7 de Janeiro - O governo francês dá o seu acordo à proposta portuguesa que, em resposta ao seu pedido de 26 de Dezembro, propõe disponibilizar pessoal de artilharia necessário para 25 baterias de artilharia pesada, sob um Comando Superior Português. Tem assim origem o Corpo de Artilharia Independente (CAPI).
17 de Janeiro - O CEP é mandado organizar, como uma Divisão de Infantaria reforçada.
30 de Janeiro - A 1.ª Brigada do CEP, do comando do general Gomes da Costa sai do Tejo a bordo de três vapores britânicos.
2 de Fevereiro - As primeiras tropas portuguesas chegam a Brest, porto na Bretanha, onde desembarcam.
8 de Fevereiro - As tropas portuguesas chegam à zona de Thérouane, na Flandres francesa, que será o local de concentração da divisão do CEP.
12 de Fevereiro - O general Tamagnini de Abreu e Silva, comandante do CEP, propõe a elevação da Divisão a Corpo de Exército.
20 de Fevereiro - A proposta do general Tamagnini de reorganizar o CEP enquanto Corpo de Exército é aceite.
23 de Fevereiro - Parte para França o segundo contingente do CEP.
26 de Fevereiro - A iluminação pública em Lisboa é diminuída, para poupar energia.
5 de Março - Manuel Arriaga, o primeiro presidente da República, morre em Lisboa.
4 de Abril - As primeiras tropas portuguesas entram nas trincheiras. É morto o primeiro soldado português em combate, António Gonçalves Curado.
6 de Abril - A Escola de Morteiros de Trincheira do CEP é organizada.
- Os Estados Unidos da América declaram a guerra à Alemanha.
20 de Abril - O CEP, a concentrar-se no Norte de França, é reorganizado enquanto Corpo de Exército.
25 de Abril - Constituição do terceiro governo presidido por Afonso Costa, devido ao fim do ministério da União Sagrada, provocado pela saída dos evolucionistas..
7 de Maio - A Escola de Gás do CEP, em Mametz, começa a funcionar.
13 de Maio - Primeira aparição em Fátima de Nossa Senhora aos três pastorinhos Lúcia, Francisco e Jacinta.
17 de Maio - É assinada a «Convenção militar para o emprego das forças portuguesas de artilharia pesada na linha francesa de operações em França». O CAPI será organizado com pessoal de 10 baterias, sob o comando do coronel João Clímaco Pereira Homem Teles.
19 a 21 de Maio - Greves, motins e assaltos a mercearias e armazéns de Lisboa e arredores, assim como no Porto, devido à carestia de vida, provocada pelo racionamento, que provocaram uma repressão feroz por parte do governo de Afonso Costa. No Porto as vítimas ascenderam a vinte e duas.
21 de Maio - O general Norton de Matos, ministro da Guerra, chega a Londres, para regular com o governo britânico a disponibilização de navios para transporte dos reforços militares para o CEP.
30 de Maio - A 1.ª brigada de infantaria, da 1.ª divisão do CEP, ocupa um sector na frente de batalha.
4 de Junho - Primeiro ataque alemão ao sector defendido pela 1.ª brigada portuguesa.
16 de Junho - A 2.ª brigada de infantaria ocupa o seu sector na frente de batalha.
1 de Julho - 6.º Congresso do Partido Democrático. Afonso Costa é reeleito membro do Directório.
7 de Julho - Os comandantes portugueses do CEP encontram-se com o rei Jorge V de Inglaterra, em Fauquembergues.
10 de Julho - A 1.ª Divisão do CEP assume a responsabilidade da sua parte do Sector Português na linha da frente. Estará subordinada ao XI Corpo de Exército britânico comandado pelo general Haking.
A 3.ª brigada de infantaria ocupa um sector da frente de batalha.
12 de Julho - Devido às greves constantes é declarado o estado de sítio em Lisboa e concelhos limítrofes.
31 de Julho - Terceira batalha de Ypres. O 2.º Exército britânico começa uma ofensiva na zona de Ypres, na Flandres belga, a norte do sector português da frente. A cidade de Passchendaele será tomada por forças canadianas em Novembro. O objectivo de conquistar a zona costeira da Bélgica, de maneira a diminuir a intensidade da guerra submarina alemã, não foi atingido.
10 de Setembro - É estabelecida a censura militar aos filmes que façam alusão à guerra.
14 de Setembro - O alferes miliciano Gomes Teixeira, à frente do seu pelotão, realiza o aprisionamento de quatro soldados alemães; o primeiro realizado por tropas portuguesas na frente ocidental.
23 de Setembro - A 4.ª brigada de infantaria (a «Brigada do Minho»), parte da 2.ª divisão, entra em sector na linha da frente.
11 de Outubro - Bernardino Machado, presidente da República, chega à zona de concentração do CEP em visita às tropas na frente. É acompanhado de Afonso Costa, presidente do Conselho e ministro das Finanças, e de Augusto Soares, ministro dos Negócios Estrangeiros. A estadia irá prolongar-se até 15 de Outubro.
13 de Outubro - Cerimónia de entrega das primeiras Cruzes de Guerra ao CEP. Serão condecorados 10 oficiais, 8 sargentos e 27 cabos e soldados.
17 de Outubro - O primeiro contingente do CAPI, que representa o apoio directo de Portugal ao esforço de guerra francês, chega à sua zona de concentração em França. Passará a ser designado por «Corps d'Artillerie Lourde Portugais» (CALP).
20 de Outubro - O Partido Centrista Republicano é criado, juntando dissidentes do Partido Evolucionista e de membros da dissidência do antigo Partido Progressista monárquico.
21 de Outubro - Eleições complementares em Lisboa. Participam somente 15% dos eleitores.
25 de Outubro O presidente da República, Bernardino Machado, chega a Lisboa, após a sua visita às tropas portuguesas em França.
28 de Outubro - O último dos navios de transporte britânicos, dos sete iniciais, é retirado do serviço do CEP. Os quadros do corpo expedicionário não serão completados, e no futuro não serão substituídos.
1 de Novembro O Grupo de Esquadrões de Cavalaria do CEP é extinto, sendo convertido em Grupo de Companhias Ciclistas.
5 de Novembro - O Comando do CEP assume a responsabilidade da defesa do Sector Português na frente. Estava subordinado ao 1.º Exército britânico, comandado pelo general Horne.
7 de Novembro - Revolução Bolchevique, de «Outubro» de acordo com o calendário juliano, atrasado 10 dias em relação ao gregoriano, usado em quase todo o mundo. Os «bolcheviques», grupo dissidente do Partido Social-Democrata Russo, tomam o poder, derrubando a República democrática.
26 de Novembro - A 2.ª Divisão do CEP assume a responsabilidade da sua parte do Sector Português na frente.
5 de Dezembro - Sidónio Pais, embaixador de Portugal em Berlim de 1912 a 1916, na altura professor da escola de Guerra ( actual Academia Militar ), e major, chefia uma revolução que o levará ao poder três dias depois. O movimento e a situação política que criou será conhecido pelo «Dezembrismo», e teve o apoio do Partido Unionista.
- Armísiticio Russo-Alemão de Brest-Litovsk.
8 de Dezembro - Afonso Costa, presidente do conselho de ministros, é preso.
9 de Dezembro - O Congresso (Parlamento) é dissolvido.
12 de Dezembro - O Presidente da República, Bernardino Machado, é destituído.
1918
6 de Janeiro - Tentativa de acção contra-revolucionária levada a cabo por marinheiros da Armada.
10 de Janeiro - Todos os órgãos de administração regional - Juntas Gerais de Distrito, Câmaras Municipais e Juntas de Freguesia, - são dissovidos, nomeando-se comissões em sua substitução.
15 de Janeiro - O segundo contingente do CAPI desembarca em França. O comando do corpo é entregue ao tenente-coronel Tristão da Câmara Pestana.
23 de Fevereiro - Alteração da Lei da Separação entre o Estado e a Igreja, com restituição ao clero dos seus poderes em relação ao culto.
2 de Março - Sidónio Pais assiste à Missa na Sé de Lisboa.
3 de Março - Assinatura do tratado de Brest-Litovsk entre a Alemanha e a Rússia soviética. A Rússia abandona a guerra.
9 de Março - É criado o Ministério da Agricultura, considerado um sector prioritário pelo Sidonismo.
11 de Março - O sufrágio universal é instituído, pela primeira vez, em Portugal, cumprindo-se um dos principais pontos do programa republicano durante a monarquia, e que os partidos republicanos se recusaram sempre a cumprir.
16 de Março - A 1.ª bateria do 1.º grupo de artilharia do CAPI entra em acção.
19 de Março - É decidido a transferência do CAPI para o CEP. A transferência não se efectuará devido à ofensiva alemã de 21 de Março.
21 de Março - Começo da ofensiva alemã na Frente Ocidental, conhecida por «Kaiserschlacht». .
22 de Março - Decreto que decide a rendição do pessoal em serviço no CEP.
27 de Março - O CEP deveria ter começado a ser rendido. A ofensiva alemã no Somme impede a rendição.
Abril - Congresso da União Republicana.
6 de Abril - É aprovada a reorganização do CEP. A 2.ª divisão, reforçada, tomaria conta do sector português. O CEP deixaria de existir. A 1.ª divisão deveria ser enviada para reserva, e a 2.ª divisão ficaria subordinada ao 11.º corpo de Exército britânico, sob as ordens do general britânico Hacking. A visita deste às tropas portuguesas decidiu-o a também retirar a 2.ª divisão da linha da frente. A ordem deveria ser posta em prática no dia 9 de Abril.
9 de Abril - A batalha do Lys começa, com uma prolongada barragem de artilharia alemã. A 2.ª divisão do CEP é destruída no decurso da batalha.
10 de Abril - O antigo CAPI dirige-se para o porto francês do Havre, para embarcar para a Grã-Bretanha, para receber instrução. Três baterias ficam à disposição do exército francês.
13 de Abril - A 1.ª e 2.ª brigadas de infantaria retiram para a nova linha de defesa em construção entre Lilliers e Stennberg.
28 de Abril - Eleições presidenciais, por sufrágio directo e universal, sendo Sidónio Pais o único candidato, e legislativas.
8 de Maio - A Biblioteca Nacional torna-se a depositária única legal de todas as publicações impressas.
27 de Maio - Ataque alemão ao sector francês da frente, em frente de Paris.
6 de Junho - A 6.ª divisão americana contra-ataca o exército alemão. É a primeira intervenção de uma unidade americana na frente ocidental.
Julho - O general Tomás António Garcia Rosado é nomeado comandante do CEP, em substituição do general Tamagnini.
4 de Julho - A 1.ª Divisão do CEP passa a estar subordinada ao 5.º Exército britânico, comandado pelo general Birdwood.
10 de Julho - Reatamento das relações diplomáticas de Portugal com a Santa Sé.
12 de Julho - O ensino primário passa torna-se responsabilidade do governo, terminando a experiência de descentralização.
14 de Julho - O governo é autorizado a contrair um empréstimo para criação de escolas de instrução priméria, integrando cantinas para alimentação dos alunos, que será gratuita para os pobres.
15 de Julho - «Ofensiva da Paz». O exército alemão ataca em direcção a Paris.
18 de Julho - Criação da organização católica Cruzada Nun'Álvares, com intenção de federar a direita portuguesa não republicna.
- Segunda Batalha do Marne. O exército alemão recua em frente de Paris.
3 de Agosto - Debate no Parlamento sobre o Problema Religiosos, que provocou grande agitação, e o seu encerramento três dias depois.
8 de Agosto - Os exércitos aliados retomam a ofensiva. O 4.º exército britânico ataca o sector alemão em frente de Amiens. Segundo o general Ludendorff é «o dia mais negro do exército alemão».
8 de Setembro - Começo da distribuição de senhas de racionamento e de cartas de consumo.
14 de Setembro - Os comícios organizados pela União Operária Nacional contra a carestia de vida, são proibidos.
29 de Setembro - A Bulgária assina um armistício com os Aliados e abandona a Guerra.
12 e 13 de Outubro - Tentativa revolucionária em diversas localidades do país. É declarado o estado de emergência pelo governo, que consegue controlar a situação.
14 de Outubro - O draga-minas Augusto de Castilho, comandando pelo comandante Carvalho Araújo é torpedeado por um submarino alemão.
- A Turquia, derrotada na Mesopotâmia (actual Iraque) e na Palestina, abandona a guerra.
16 de Outubro - «A Leva da Morte». O transporte de um grupo de presos, em Lisboa, provoca um tiroteio que leva à morte de algumas pessoas.
29 de Outubro - A República da Checoslováquia é proclamada em Praga. A Hungria proclama a sua separação do Império Austro-Húngaro.
3 de Novembro - É declarado o cessar-fogo com as forças armadas austro-húngaras.
9 de Novembro - Guilherme II, Imperador alemão, abdica.
11 de Novembro - O Armistício proposto pelos aliados é aceite pela Alemanha..
12 de Novembro - Tentativa de Greve Geral convocada pela União Operária Nacional.
23 de Novembro - Chegam a Lisboa, vindas da Grã-Bretanha, as primeiras tropas do antigo Corpo Expedicionário Português.
3 de Dezembro - As Câmaras do Congresso reúnem-se para comemorar a assinatura do Armistício. Cunha Leal, na Câmara dos Deputados, e Machado dos Santos, no Senado, criticam a política do Sidonismo em relação à participação de Portugal na guerra.
5 de Dezembro - Atentado contra Sidónio Pais por um membro do Partido Democrático, de que o presidente da república sai ileso.
9 de Dezembro - Parte para Cherburgo, porto de embarque, o primeiro contingente de tropas do CEP, estacionadas em França, que regressam a Portugal.
14 de Dezembro - Sidónio Pais é assassinado em Lisboa, na Estação do Rossio, baleado por um sargento do exército.
16 de Dezembro - Canto e Castro é eleito presidente da República, pelas duas câmaras do Congresso.
1919
3 de Janeiro - Manifesto da Junta Militar do Norte, do Porto, que se assume como representante do sidonismo.
12 de Janeiro - Movimento revolucionário, de cariz republicano, em Santarém que leva a confrontos com o exército durante alguns dias.
18 de Janeiro - Inicia-se a Conferência de Paz, em Versalhes, França. A delegação portuguesa é chefiada por Egas Moniz.
19 de Janeiro - A Monarquia é proclamada em Lisboa e no Porto. Organiza-se uma Junta Governativa do Reino dirigida por Paiva Couceiro, que declara o estado de sítio em todo o território continental. O movimento ficará conhecido por «Monarquia do Norte».
20 de Janeiro - Manifestações em Lisboa de apoio à República. Organização de Batalhões de Voluntários para combaterem a insurreição monárquica do Norte.
13 de Fevereiro - As forças republicanas ocupam o Porto, depois de terem avançado pelo litoral centro, de Lisboa até ao Porto.
6 de Março - O governo é autorizado a contrair um empréstimo para a construção de bairros operários na margem sul do Tejo.
1919
Fevereiro, 19 - Assinatura do decreto de dissolução do parlamento sidonista, que será publicado no dia 21.
Fevereiro, 21 - Comício do Partido Democrático em Lisboa, no Coliseu dos Recreios, em que discursam Estêvão Pimentel, Cunha Leal, Costa Júnior e Ramada Curto.
Fevereiro, 23 - Devido a tumultos provocados pelos democráticos, que obrigaram o governo de José Relvas a refugiar-se no Quartel do Carmo, é decretada a extinção da polícia cívica e demitido o governador civil de Lisboa.
- Sai o primeiro número do jornal anarco-sindicalista A Batalha, afirmando-se como o porta-voz da organização operária portuguesa.
Março, 1 - Aprovação de uma nova lei eleitoral, restaurando as leis eleitorais da República Velha, que restringiam a capacidade eleitoral aos chefes de família que sabiam ler e escrever.
Março, 14 - Vários professores de Coimbra são suspensos, entre os quais Salazar, Fezas Vital, Magalhães Colaço e Carneiro Pacheco, Diogo Pacheco de Amorim e Mendes dos Remédios.
Março, 27 - O governo multipartidário de Relvas apresenta a demissão.
- Greve dos tipógrafos em Lisboa.
Março, 30 - Novo governo, presidido pelo democrático Domingos Pereira, com um independente, cinco democráticos, três evolucionistas, dois unionistas e dois socialistas..
Abril, 7 - Criação da Polícia de Segurança do Estado a partir da Polícia Preventiva, até aí mera secção da Polícia Cívica de Lisboa que contava com 27 agentes.
Abril, 13-15 - Tentativa de criação de um partido republicano conservador, com unionistas e sidonistas. A Junta Municipal de Lisboa do Partido Evolucionista não aceita a integração no novo partido.
Abril, 16 - Nova tentativa malograda de unificar a oposição ao partido democrático, patrocinada por Egas Moniz, tentando criar um partido republicano reformador.
Abril, 17 - Nova lei do arrendamento, que proíbe o aumento das rendas de casa..
Abril, 25 - Começo da construção do bairro social do Arco do Cego em Lisboa.
Abril, 28 - Greve dos metalúrgicos e dos serviços camarários em Lisboa.
Maio, 1 - Comemoração do 1.º de Maio, com um comício convocado pela União dos Sindicatos Operários de Lisboa. A reunião agrega mais de 30.000 pessoas no Parque Eduardo VII.
Maio, 2 - Recomeço das greves, na Carris, nas águas, cesteiros e alfaiates. O Conselho de Ministros lança um apelo aos sindicatos.
Maio, 3 - O ministro da guerra manda prender os grevistas da Companhia das águas.
Maio, 10 - Publicação de trinta suplementos do Diário do Governo, no dia anterior às eleições. São criados cerca de 17 mil novos empregos públicos.
- Decreto do governo repõe em vigor uma lei de João Franco - a célebre lei celerada - contra os delitos de tipo social. O novo diploma pune bombistas, com possibilidade de degredo para o Ultramar.
- A GNR, a guarda pretoriana do regime republicano, aumenta os efectivos para 18 956 homens, tendo começado em 1911 com cerca de 5.000 homens.
Maio, 11 - Realizam-se as eleições, marcadas para 13 de Abril mas adiadas, com vitória dos democráticos. Apenas 7% dos eleitores participaram.
24 de Maio - Os Fascistas italianos obtêm a maioria absoluta em Itália.
Junho, 2 - Reabertura do Congresso da República. O presidente da república, o almirante Canto e Castro, renuncia ao cargo.
Junho, 3 - Greve dos caminhos-de-ferro, que durará dois meses.
Junho, 6 - O Governo encerra o sindicato dos ferroviários.
Junho, 12 - O Governo presidido por Domingos Pereira pede a demissão.
Junho, 17 - Greve geral de 48 horas, com sucesso parcial. Explodem várias bombas em Lisboa, e a sede da União Operária Nacional é encerrada.
Junho, 20 - Sai o primeiro número de Avante!, intitulando-se diário operário da tarde.
Junho, 28 - A Alemanha assina o Tratado de Versalhes, após o Reichtag ter votado favoravelmente as condições da paz.
Junho, 29 - Nomeação do governo de Sá Cardoso, dominado pela «ala moderada e conciliadora» do partido democrático.
Julho, 31 - Regressam as perseguições aos católicos, com um assalto à igreja dos Congregados e ao jornal O Debate.
Agosto, 6 - António José de Almeida é eleito presidente da república.
Agosto, 15 - Durante a greve dos ferroviários, explodem algumas bombas na estação do Rossio, há cenas de tiros no Entroncamento, continuando os descarrilamentos de comboios. Grevistas são colocados nos primeiros vagões das composições.
Setembro, 1 - Fim da greve dos ferroviários.
Setembro, 3 - Tumultos, em Lisboa devido à destruição pela câmara municipal do passeio central do Rossio.
Setembro, 18 - Criação da Confederação Geral do Trabalho, durante o 2.º Congresso Operário Nacional.
Setembro, 22 - A revisão constitucional concede ao Presidente da República o direito de dissolução do Congresso.
Outubro, 5 - António José de Almeida toma posse do cargo de presidente da república.
- Aparece o primeiro número de A Bandeira Vermelha, intitulado semanário comunista, institucionalizando-se a Federação Maximalista Portuguesa, criada anteriormente.
- É criado o Partido Republicano Liberal, tendo como base os partidos evolucionista e unionista, que se tinham dissolvido em fins de Setembro.
Outubro, 13 - Vários grupos sidonistas aderem ao partido liberal. O directório do Partido Nacional Republicano aconselha a dissolução do partido, liderado por Egas Moniz.
Outubro, 20 - Os monárquicos integralistas anunciam que se desligam da obediência a D. Manuel II.
Novembro, 22 - Reunião do 2.º Congresso do Centro Católico Português, o congresso da reestruturação, realizado em Lisboa.
Dezembro, 18 - Numa encíclica de Bento XV aos prelados portugueses, o papa apoia a criação do Centro Católico Português.
1920
Janeiro, 3 - Remodelação governamental, com entrada de mais radicais para o governo.
Janeiro, 8 - Sá Cardoso apresenta a demissão do seu governo. O presidente da república, António José de Almeida, convida o dirigente do partido liberal Fernandes Costa a formar governo..
Janeiro, 10 - O Pacto da Sociedade das Nações entra em vigor, sendo Afonso Costa o primeiro representante português na assembleia da Sociedade das Nações.
Janeiro, 15 - O governo escolhido por Fernandes Costa não chega a tomar posse, face a uma manifestação de rua, dirigida pelos radicais do partido democrático, conhecidos pelo nome colectivo de «formiga branca».
- Tentativa de assalto ao jornais liberais A Luta e a República, tendo o António Granjo, ministro indigitado do novo governo, que os defender sucessivamente com armas na mão.
- O anterior governo, dirigido por Sá Cardoso, dominado pela ala radical do partido democrático é reconduzido.
Janeiro, 17 a 21 - Várias personalidades são convidadas a formar governo, desistindo sucessivamente, até que Domingos Pereira consegue formar governo, composto de quatro ministros democráticos, 4 liberais e um socialista.
Fevereiro, 21 - Arrebentam várias bombas em Lisboa, continuando os tumultos no dia 22, com ataque ao jornal O Século, e no dia 23, em que se julgou o processo contra o oficial sidonista Teófilo Duarte, que terminou com a sua demissão do exército.
Março, 4 - O governo de Domingos Pereira apresenta a demissão. Continuam os atentados terroristas e as greves.
Março, 5 - António Maria da Silva é convidado a formar governo, mas logo desiste por não ter consigo o apoio dos populares.
Março, 7 - O antigo governador de Moçambique, Álvaro de Castro abandona o partido democrático.
Março, 8 - O governo de António Maria Baptista é empossado. O gabinete é constituído por membros do partido democrático, havendo um ministro independente, o liberal Júdice Biker.
Março, 9 - A dissidência reconstituinte - Núcleo de Acção de Reconstituição Nacional, mais tarde Partido Republicano de Reconstituição Nacional - é apresentada no parlamento, sendo dirigida por Álvaro de Castro, tendo como apoio alguns dirigentes democráticos e dissidentes do partido liberal
Março, 17-19 - Grandes tumultos, provocados pela onda de greves. Sindicalistas disparam sobre a Guarda Nacional Republicana.
Março, 19 - Uma força naval inglesa faz exercício de tiro real em frente ao Terreiro do Paço, no dia em que se temia o desencadear de uma revolução bolchevique em Lisboa.
Março, 20 - A sede da CGT foi encerrada, por ter apelado à greve geral, o que provocou confrontos entre os grevistas e forças da GNR. Será reaberta em 28 de Abril.
Março, 27-28 - A Batalha suspende a sua publicação regular como jornal diário, um que despoleta uma greve de protesto no dia seguinte.
Abril, 12 - São lançadas bombas contra uma manifestação de apoio ao governo na Rua Augusta, que provocam várias mortes.
Abril, 14-15 - Atentados em Lisboa, Porto, Faro e Beja.
Abril, 24 - Adopção de um tipo único de pão, sendo aumentado o preço do trigo estrangeiro.
Maio, 1 - Comemorações do 1º de Maio. A onda de greves começa a diminuir, apoiando-se o governo republicano nos grupos de defesa da República.
Maio, 6 - O deputado socialista Ladislau Batalha critica o tipo único de pão, por significar pão mais caro e pior. Entrará em funcionamento em 11 de Julho.
Maio, 11 - É criado o Tribunal de Defesa Social, para julgar «criminosos de delitos sociais e bombistas».
Maio, 17 - Sacadura Cabral realiza o percurso aéreo Inglaterra - Londres, com escala na Galiza e na Bretanha.
Maio - É lançado à água o contra-torpedeiro Vouga, da marinha de guerra portuguesa.
25 de Maio - Decreto de reorganização do Exército. Previa a existência de 8 divisões e 1 brigada de cavalaria, com um quadro permanente de 1.773 oficiais e 9.926 praças. O serviço militar devia ser geral e obrigatório. Os mancebos passavam por uma escola de recruta, de 15 a 30 semanas, sendo chamados quase todos os anos (7 em 10) para as escolas de repetição, que duravam 2 semanas. Criavam-se também escolas de quadros, que formariam os futuros oficiais milicianos.
28 de Maio - Realizam-se as eleições para a Assembleia Nacional Constituinte.
Junho, 3 - O general Gomes da Costa é condenado a 20 dias de prisão correccional por ter criticado o. ministro da guerra João Estêvão Águas num artigo em A Capital.
Junho, 3 - Morte do presidente do governo, António Maria Baptista, em pleno conselho de ministros, sendo imediatamente substituído por José Ramos Preto.
Junho, 18 - O Governo apresenta a demissão, depois de ser criticado por aumentar os vencimentos dos membros dos gabinetes ministeriais. Várias personalidades são convidadas sucessivamente para constituir governo, desistindo.
Junho, 19 - Governo de António Granjo, formado por democráticos, populares e socialistas, tendo a oposição dos liberais e dos reconstituintes.
Julho, 1 - Entra em funcionamento o Tribunal de Defesa Social, criado em 11 de Maio próximo passado.
Julho, 4 - O juiz do Tribunal de Defesa Social Pedro de Matos, é assassinado, sendo o tribunal atacado à bomba de seguida.
Julho, 8 - Movimentos grevistas e tumultos em todo o país, sem controlo sindical. São chamadas revoltas da fome.
- O governo demite-se sendo convidados vários chefes militares a formar governo, desistindo todos.
Julho, 9-19 - Novos movimentos grevistas e tumultos por todo o país, continuando as greves da fome.
Julho, 21 - Governo dirigido pelo liberal António Granjo.
- D. Miguel II de Bragança renuncia à sua pretensão à coroa de Portugal, no seu terceiro filho, D. Duarte Nuno, confiando a sua tutela a sua irmã D. Maria Aldegundes de Bragança. Será reconhecido pela Junta Central do Integralismo Português em 2 de Setembro.
Julho, 30 - O movimento grevista e bombista continua por intermédio da Legião Vermelha.
Agosto, 20 - Atentado contra outro juiz do Tribunal de Defesa Social, o Dr. Félix Horta.
Setembro, 7 - O aumento do preço do pão, decretado no dia anterior, dá origem a uma vaga de tumultos e greves que só acabará dois meses mais tarde.
Setembro, 20 - Forças do exército ocupam a estação do Barreiro e outras da linha do Sul, em preparação para a anunciada greve dos ferroviários.
Setembro, 30 - Greve dos ferroviários. O governo utiliza os sapadores do Exército para conseguir manter as linhas em funcionamento. As linhas são dinamitadas, ao que o governo responde colocando à frente dos comboios os grevistas presos.
Outubro, 6 - Decretada a mobilização geral de todos os meios de transporte
Novembro, 15 - O governo demite-se, por ter perdido o apoio dos liberais e dos reconstituintes, apesar de ter sido aprovada uma moção de confiança no parlamento.
Novembro, 19 - Novo governo dirigido pelo reconstituinte Álvaro de Castro. Dura dez dias.
- Um decreto aplica aos indígenas das colónias que adoptarem um modo de vida civilizado os direitos civis dos europeus.
Novembro, 22 - Reunião do patronato na presença de Álvaro de Castro, onde se defende a revisão da Constituição no sentido da participação das forças vivas, à semelhança da segunda câmara do sidonismo, e das propostas da Vida Nova de Oliveira Martins.
Novembro, 25 - O governo é demitido ao ser aprovada uma moção de desconfiança. Após as habituais recusas, o presidente convida o tenente-coronel Liberato Pinto, o reorganizador da GNR em 1919, a formar um governo de concentração republicana.
Dezembro, 9 - O ministro das finanças Cunha Leal reconhece que Portugal se encontra sem recursos em Lisboa e a descoberto em Londres, afirmando que o país está «sem recursos necessários para comprar o pão nosso de cada dia».
1921
Janeiro, 4 - Delegação da Associação Industrial Portuguesa, liderada por Alfredo da Silva, apoia o governo de Liberato Pinto.
9 a 10 de Janeiro - Congresso da Confederação Patronal Portugesa..
27 de Janeiro - O jornal A Batalha, órgão da Confederação Geral do Trabalho, publica o programa de um futuro Partido Comunista Português.
3 de Fevereiro - Ramada Curto apelida os democráticos de «grande cooperativa de produção e consumo».
11 de Fevereiro - O governo de Liberato Pinto demite-se.
25 de Fevereiro - Bernardino Machado é convidado a formar governo.
2 de Março - Governo de Bernardino Machado.
16 de Março - Fundação do Partido Comunista Portugês, com base na Federação Maximalista Portuguesa.
22 de Março - Raid aéreo ao Funchal. Os oficiais de marinha do Centro de Aviação Marítima, Gago Coutinho, Sacadura Cabral e Betencourt acompanhados do mecânico Roger Suberand voam até à ilha da Madeira, utilizando pela primeira vez o sextante.
30 de Março - Liberato Pinto é demitido de Chefe de Estado Maior da GNR.
7 de Abril - Os corpos dos dois Soldados Desconhecidos, um morto na Europa o outro em África, chegaram ao Arsenal da Marinha, sendo colocados no átrio do Palácio do Congresso da República.
9 de Abril - Cerimónia de homenagem ao Soldado Desconhecido, na Batalha..
17 de Maio - O major Marreiros, director da Polícia de Segurança do Estado é demitido.
18 de Maio - Criação da União Anarquista Portuguesa, em Alenquer.
21 de Maio - O capitão Pires Monteiro, comandante das baterias de metralhadoras da GNR, aquarteladas na Graça, promove um pronunciamento militar para derrubar o governo chefiado por Bernardino Machado, convencido pelo major Marreiros, de que se preparava um golpe de estado para colocar Bernardino na presidência da república e Álvaro de Castro como presidente do governo. O pronunciamento foi rapidamente controlado.
23 de Maio - O governo de Bernardino Machado demite-se. O pronunciamento teve o efeito desejado. É substituído pelo governo liberal de Tomé de Barros Queirós
17 de Junho - Manifestação dos comerciantes de Lisboa, que encerraram os seus estabelecimentos em sinal de protesto pelas frequentes greves dos eléctricos, que segundo diziam, lhes acarretavam graves prejuízos.
26 de Junho - Manifesto de Baiona de D. Maria Aldegundes de Bragança, filha de D. Miguel I, tia e tutora de D. Duarte Nuno, defendendo uma monarquia tradicionalista.
7 de Julho - Publicação da declaração de princípios do PCP.
10 de Julho - Eleições legislativas com vitória dos liberais. Oliveira Salazar é eleito deputado por Guimarães, pelo Centro Católico.
5 de Agosto - O governo demite-se, ao ter conhecimento de que os financeiros americanos com quem estavam em negociações para realização de um empréstimo externo, por intermédio de Afonso Costa, não passavam de meros vigaristas.
10 de Agosto - Governo conservador de António Granjo.
14 de Agosto - Festa da Pátria para comemoração da Batalha de Aljubarrota e para homenagem à memória de Nuno Álvares Pereira, que havia sido canonizado.
5 de Setembro - A crónica parlamentar do Diário de Notícias desvirtuou as afirmações de António Granjo no Senado, em 2 de Setembro, provocando o regresso da questão religiosa, com a realização de um comício anticatólico em Loures.
30 de Setembro - Tentativa de golpe de estado dirigido pelo tenente-coronel Manuel Maria Coelho. Preso é libertado por António Granjo.
19 de Outubro - Golpe de 19 de Outubro, conhecido pela Noite Sangrenta. São assassinados António Granjo, Machado dos Santos, Carlos da Maia, Freitas da Silva, Botelho de Vasconcelos, entre outros. O assassino de Sidónio Pais é libertado e homenageado. O coronel Manuel Maria Coelho é empossado na presidência do governo por António José de Almeida. O golpe é promovido por radicais e dissidentes do partido democrático.
21 de Outubro - Alfredo da Silva foge para Espanha escapando a um atentado em Leiria.
24 a 27 de Outubro - Os implicados nos assassinatos de dia 19 são presos.
30 de Outubro - Manifestação de apoio a António José de Almeida, que tinha manifestado intenção de se demitir.
31 de Outubro - Atentado à bomba contra consulado dos Estados Unidos em protesto contra a condenação à morte dos anarquistas norte-americanos Sacco e Vanzetti.
3 de Novembro - O governo demite-se afirmando temer uma intervenção estrangeira. Maia Pinto forma governo, com populares e dissidentes do partido democrático. É um governo próximo dos golpistas de 19 de Outubro.
6 de Novembro - O Congresso é dissolvido, sendo marcadas eleições para 11 de Dezembro.
9 de Novembro - Um comboio de passageiros é descarrilado, propositadamente, na linha do sul e sueste, entre Aljustrel e Figueirinhas, ocasionando muitas mortes e ferimentos.
5 de Dezembro - As eleições são adiadas para 8 de Janeiro de 1922.
15 de Dezembro - O governo demite-se.
16 de Dezembro - Governo Cunha Leal, com representantes de todos os partidos.
19 de Dezembro - O decreto de dissolução do Congresso de 6 de Novembro é considerado nulo.
27 de Dezembro - Governo retira-se para Caxias, Aairmando haver perigo de golpe de estado, e chama Gomes da Costa para comandar as forças do exército concentradas no campo entrincheirado.
1922
1 de Janeiro - O exército retira de Caxias.
3 de Janeiro - Adiamento das eleições de 8 para 29 de Janeiro. Gomes da Costa acusa o governo de ter faltado ao respeito ao exército.
21 de Janeiro - Formação de uma lista de «Gonjunção» entre liberais, reconstituintes, socialistas, reformistas, sidonistas e independentes, unidos para lutarem unidos contra o partido democrático.
29 de Janeiro - Eleições legislativas com vitória do Partido Democrático.
30 de Janeiro - Demissão do governo de Cunha Leal.
4 de Fevereiro - Afonso Costa recusa formar governo.
6 de Fevereiro - Governo democrático de António Maria da Silva. A Polícia de Segurança do Estado passa a designar-se Polícia de Defesa Social. O Exército continua a cercar Lisboa.
18 de Fevereiro - Tentativa de golpe de estado radical, «outubrista», Governo instala-se em Caxias e o presidente em Cascais.
23 de Fevereiro - O Congresso reabre após as eleições.
2 de Março - As forças da GNR são reduzidas. O corpo de marinheiros é transferido para Vila Franca de Xira.
13 de Março - As forças da GNR são novamente reduzidos ficando sem artilharia e metralhadoras. As forças são distribuídas pela província transformando-se em guarda territorial.
30 de Março - Partida de Gago Coutinho e Sacadura Cabral para a travessia aérea do Atlântico.
17 de Abril - Assinatura do Pacto de Paris entre monárquicos liberais e legitimistas. D. Duarte Nuno reconhece D. Manuel II, e este reconheceria D. Duarte como seu herdeiro.
19 de Abril - Gago Coutinho e Sacadura Cabral chegam à noite aos rochedos de S. Pedro e S. Paulo.
28 de Abril - Com a promulgação da Lei do garrote são suspensas novas entradas na função pública.
29-30 de Abril - Congresso do Centro Católico com participação activa de Salazar.
3 de Maio - Abertura pelo bispo de Leiria do processo de averiguação .sobre as aparições em Fátima de 1917.
5 de Maio - Os Integralistas Lusitanos suspendem a sua actividade política, em ruptura com o Pacto de Paris.
29 de Maio - Tumultos em Macau que provocam 32 mortos, e obrigam à declaração do estado de sítio no território.
Maio - Raid aéreo Lisboa - Madrid, realizado por cinco aviões. Só o Hercules, tripulado por Paiva Simões e António Alves concluiu a viagem.
5 de Junho - Gago Coutinho e Sacadura Cabral chegam ao Recife.
17 de Junho - Gago Coutinho e Sacadura Cabral chegam ao Rio de Janeiro.
20 de Junho - Liberato Pinto, antigo presidente de um governo democrático, Feliciano da Costa, sidonista e Xavier Pereira, radical, entre outros são deportados para os Açores, a bordo do navio Lima.
15 de Julho - Para o afastar de Lisboa, Gomes da Costa é enviado em inspecção extraordinária às colónias do Oriente. Timor e Macau. Só regressará em Maio de 1924.
31 de Julho - Aprovação de medidas de regresso ao proteccionismo face aos produtores de trigo.
5 de Agosto - Agitação popular contra as novas medidas do pão, com assaltos às padarias.
15 de Agosto - Revisão das medidas de produção de pão. Cria-se um pão de terceira.
26-29 de Agosto - Embarque do presidente da república, António José de Almeida, no paquete Porto para assistir ao primeiro centenário da Independência do Brasil. O navio só partiu no dia 29, devido a avaria. Chegará ao Brasil, muito depois do previsto no dia 17 de Setembro, devido a várias avarias e sabotagens.
2 de Setembro - Rebentamento de bombas no Porto.
7 de Setembro - Início das festas de comemoração do primeiro centenário da independência do Brasil.
8 de Setembro - Assassinato de Ségio Príncipe, dirigente da Confederação Patronal Portuguesa e da Associação Comercial dos Lojistas de Lisboa, considerado defensor de uma solução radical de direita para o problema político português.
1 de Outubro - Realiza-se o 3.º Congresso Operário Nacional, na Covilhã.
26 de Outubro - Regresso de Gago Coutinho e Sacadura Cabral a Lisboa.
Outubro - Lançamento à água do contra-torpedeiro Tâmega, construído no Arsenal da Marinha
30 de Novembro - Recomposição do governo de António Maria da Silva.
3 de Dezembro - Comício de protesto, no Parque Eduardo VII, contra a nova lei do inquilinato, promovido pela União dos Sindicatos.
7 de Dezembro - Segunda recomposição do governo de António Maria da Silva.
14 de Dezembro - Início do julgamento dos implicados no golpe de 19 de Outubro de 1921.
23 de Dezembro - Inauguração dos pavilhões portugueses na Exposição Industrial do Rio de Janeiro, inaugurada em 7 de Setembro. O comissário geral de Portugal junta da exposição, Eng. Lisboa e Lima, tinha embarcado em 4 de Setembro.
1923
9 de Janeiro - Leonardo Coimbra demite-se de ministro da Instrução devido à tentativa de aprovação de uma lei que estabelece que o ensino «será neutral em matéria religiosa», o que permitiria de novo o ensino religioso.
27 de Janeiro - Com a regulamentação da Lei fiscal de 21 de Setembro os impostos directos são agravados, o que provocará uma estagnação dos investimentos e em meados do ano uma crise de confiança, que leva a uma corrida aos depósitos e à falência de cinco bancos.
5 de Fevereiro - Aparecimento do Partido Nacionalista resultante da fusão do Partido Republicano de Reconstituição Nacional com o Partido Republicano Liberal.
17 de Fevereiro - Publicação do Manifesto do Partido Nacionalista, escrito por Júlio Dantas.
27 de Fevereiro - Continuação da agitação laboral provocada pelo aumento do preço do pão, com deflagração de bombas.
9 de Março - As negociações com a Sociedade das Nações para a obtenção de um empréstimo são interrompidas, devido às contrapartidas exigidas pela instituição.
14 de Março - A esquadrilha aérea do Huambo, em Angola, efectuou o vôo Huambo-Benguela, num percurso de 380 quilómetros.
17 de Março - Inauguração do primeiro Congresso do Partido Nacionalista.
27 de Março - É divulgada uma nova pauta aduaneira.
29 de Março - Santos Dumont, o aviador brasileiro, aporta em Lisboa a bordo do paquete Massilia, e é alvo de manifestações de simpatia, sendo cumprimentado a bordo por Gago Coutinho e Sacadura Cabral.
13 de Maio - Os restos mortais do marquês de Pombal são trasladados da capela das Mercês na Rua do Século, em Lisboa, para a Igreja da Memória, tendo a urna estado em exposição no átrio da Câmara Municipal nos dias 12 e 13.
15 de Maio - O governo é autorizado a realizar um empréstimo interno no valor de 4 milhões de escudos, com a intenção de reduzir o défice e consolidar a dívida pública.
9 - 11 de Junho - Primeiro congresso do novo Partido Radical.
7 de Julho - Guerra Junqueiro, o autor de Finis Patriae e da Velhice do Padre Eterno, morre em Lisboa. O funeral foi realizado no dia 14, tendo o seu corpo sido depositado no Mosteiro dos Jerónimos.
17 de Julho - Devido à proibição pela censura da peça de teatro Mar Alto, de António Ferro, Fernando Pessoa, Raul Brandão, António Sérgio, Jaime Cortesão e Aquilino Ribeiro divulgam um protesto público.
26 de Julho - O cardeal patriarca de Lisboa, D. António Mendes Belo, é feito sócio da Academia das Ciências, restabelecendo a tradição.
6 de Agosto - Eleição do Presidente da República pelo Congresso, com a escolha de Manuel Teixeira Gomes, embaixador de Portugal em Londres desde 1910, apoiado pelo Partido Democrático de Afonso Costa.
16 de Agosto - O governo decreta um novo regime cerealífero que termina com o pão politico. O preço do pão mais barato sobe 50 %.
13 de Setembro - O general Primo de Rivera assume a direcção do governo espanhol, instaurando uma ditadura militar, que durou cinco anos, de 1923 a 1928.
3 de Outubro - O presidente da República eleito, Manuel Teixeira Gomes, chega ao Tejo a bordo do cruzador britânico Carrysfort.
5 de Outubro - Tomada de posse do Presidente da República, Manuel Teixeira Gomes, perante as Câmaras Legislativas.
22 de Outubro - Kemal Ataturk proclama a república na Turquia.
9 de Novembro - Hitler tenta em Munique um golpe de estado que falha estrondosamente.
10 - 12 de Novembro - Realiza-se o primeiro Congresso do Partido Comunista Português, no aniversário da Revolução russa de 1917.
15 de Novembro - O ministério presidido por António Maria da Silva demite-se, sendo encarregado de formar governo Ginestal Machado, após a desistência de Afonso Costa no dia 7. O general Óscar Carmona é escolhido para a pasta da Guerra.
23 de Novembro - O tenente-coronel Ferreira do Amaral é nomeado comandante da Polícia.
1 - 4 de Dezembro - Congresso das Associações Comerciais e Industriais, presidido por Moisés Amzalak, tendo Salazar apresentado uma comunicação em que defendia uma política de contenção das despesas..
8 de Dezembro - Criação da Acção Realista Portuguesa por Alfredo Pimenta, com integração na Causa Monárquica.
10 de Dezembro - É desencadeado um movimento revolucionário radical contra o governo, dirigido pelo capitão de fragata João Manuel de Carvalho, comandante do contra-torpedeiro Douro. Após o disparo de alguns tiros, os chefes da revolta foram presos, mas tendo conseguido fazer com que o governo de Ginestal Machado pedisse a demissão no dia 14 seguinte.
15 de Dezembro - Reaparecimento do jornal Novidades, enquanto órgão da hierarquia católica.
18 de Dezembro - Tomada de posse do governo presidido por Álvaro de Castro, dissidente do Partido Nacionalista. António Sérgio é escolhido para Ministro da Instrução Pública.
1924
28 de Janeiro - Teófilo Braga morre em Lisboa. Fora o primeiro Presidente da República eleito
Fevereiro - Visita presidencial ao Porto.
22 de Fevereiro - As Juntas de Paróquia organizam uma manifestação contra o aumento do custo de vida, que acabou com a tentativa de invasão do Parlamento.
Março - Manifestação dos comerciantes de tabaco contra a aplicação das novas taxas propostas pelo governo.
15 de Março - Alberto Xavier consegue obter um empréstimo em Londres, junto da casa Baring Brothers.
2 de Abril - Começo do raid aéreo Lisboa - Macau, realizado pelos aviadores Brito Pais e Sarmento Beires, a bordo do avião Pátria.
23 de Maio - Reforma do sistema monetário, com criação de novas moedas.
30 de Maio - 7 de Junho - Revolta de oficiais da Aeronáutica Militar, devido à demissão do director da arma e à aplicação de um decreto considerado inconstitucional. Os oficiais entrincheiraram-se no Campo da Esquadrilha República.
3 de Junho - Início da primeira Festa da Raça, que se celebra durante uma semana até ao dia 10 de Junho.
20 de Junho - Termina o raid aéreo Lisboa - Macau, a bordo do Pátria II, avião de substituição do original, que se tinha despedaçado na Índia.
14 de Julho - Confrontos violentos entre a Polícia, o Exército e a Guarda Nacional Republicana, no Parque Eduardo VII, em Lisboa.
6 de Julho - Nomeado um novo governo chefiado por Alfredo Rodrigues Gaspar, dirigente do Partido Democrático, após nova recusa de Afonso Costa
11 de Agosto - Tentativa de golpe radical e comunista em Lisboa, com tentativa de ocupação do forte da Ameixoeira.
28 de Agosto - Nova tentativa de revolta radical com a participação de comunistas.
9 e 14 de Setembro - Os aviadores do raid Lisboa - Macau chegam a Lisboa, não sendo esperados oficialmente. A manifestação pública de regozijo realizou-se no dia 14.
9 de Setembro - Os impostos são agravados.
12 de Setembro - Nova tentativa radical e comunista de tomada do poder, com assalto ao Ministério da Guerra e à Central Telegráfica.
14 de Outubro - Tumultos no Porto e em Espinho.
7 de Novembro - O governo proibe a realização de uma manifestação de comemoração da revolução russa.
15 de Novembro - Sacadura Cabral desaparece quando o seu avião se despenhou no Mar do Norte, na viagem de regresso a Portugal, vindo da Holanda. A sua morte foi assumida oficialmente no dia 15 de Dezembro.
19 de Novembro - Demissão do Ministério Rodrigues Gaspar, provocada por desinteligências no seio do Partido Democrático.
22 de Novembro - Governo de José Domingos dos Santos, formado por membros do Partido Democrático.
1925
Janeiro - Celebrações do 4.º centenário da morte de Vasco da Gama, realizadas com algum atraso já que o navegador morreu em 24 de Dezembro de 1524, com lançamento da primeira pedra do monumento na Praça do Império.
2 de Janeiro - Portugal reconhece a Rússia Soviética.
10 de Janeiro - Morte de António Sardinha, ideólogo do Integralismo Lusitano.
31 de Janeiro - 1.º Congresso do Partido Radical, em Coimbra.
Fevereiro - A Associação Comercial de Lisboa foi encerrada por ordem do governo.
11 de Fevereiro - Queda do governo do partido democrático dirigido por José Domingos dos Santos provocada por uma moção de censura.
13 de Fevereiro - A União dos Interesses Sociais, onde pontificam dirigentes do Partido Socialista e do Partido Comunista, organiza uma manifestação junto ao Palácio de Belém, de apoio ao governo pedindo a sua recondução.
15 de Fevereiro - Governo dirigido pelo dirigente do Partido Democrático Vitorino Guimarães.
1 de Março - Realização das primeiras emissões de rádio em Portugal, levadas a cabo por Abílio Nunes dos Santos.
5 de Março - Tentativa de golpe militar, por três oficiais monárquicos, que tentaram ocupar o Quartel General de Lisboa.
14 de Março - O jornalista Homem Cristo Filho é proibido de realizar uma conferência em Coimbra.
16 de Março - Celebração do 1.º centenário do nascimento de Camilo Castelo Branco, com o descerramento de um busto do escritor numa rua do Porto.
2 de Abril - Conclusão do raid aéreo entre Lisboa e a Guiné, realizado pelos aviadores Pinheiro Correia, Sérgio da Silva e António Gouveia..
18 de Abril - Tentativa de golpe militar dirigida pelo general Sinel de Cordes, comandante Filomeno da Câmara e o tenente-coronel Raul de Esteves, com o apoio de quase toda a guarnição de Lisboa. Não tendo comparecido no Parque Eduardo VII uma parte das forças militares, o golpe foi vencido, após alguns combates.
- O estado de sítio é declarado em todo o país, suspendendo-se todas as garantias constitucionais.
15 de Maio - Duplo atentado a tiro contra o comandante da polícia Ferreira do Amaral, organizado pela Legião Vermelha, organização ligada ao PCP.
28 de Maio - Morte de João Chagas.
29 de Maio - Morte do actor Eduardo Brasão, com oitenta anos.
Junho - Chegada ao Tejo da divisão naval que tinha realizado o périplo de África.
3 de Junho - Tentativa de greve geral de protesto contra as deportações sem julgamento de presos por delitos sociais..
17 de Junho - É aprovado a fundação do Banco de Angola e Metrópole, do burlão Alves dos Reis.
25 de Junho - Golpe militar de direita na Grécia.
30 de Junho - Queda do governo Vitorino Guimarães, após uma tumultuosa sessão parlamentar que durou 19 horas.
1 de Julho - Novo governo, presidido por António Maria da Silva.
19 de Julho - Tentativa de golpe militar dirigido pelo comandante Mendes Cabeçadas, com intenção de conseguir a dissolução do Parlamento. Sem apoio significativo falhou e Mendes Cabeçadas foi preso.
20 de Julho - António Maria da Silva pede a demissão.
1 de Agosto - Governo dirigido por Domingos Leite Pereira.
1 de Setembro - Começo do julgamento dos oficiais implicados nos golpes de 18 de Abril e de 19 de Julho, presidido pelo general Alberto Ilharco, tendo como promotor de justiça o general Óscar Carmona.
26 de Setembro - Leitura da sentença do julgamento dos oficiais implicados no golpe de 18 de Abril. Os réus são absolvidos.
- 6.º Congresso dos Trabalhadores Rurais.
8 de Novembro - Eleições legislativas, com vitória do Partido Democrático.
19 de Novembro - Fim do julgamento dos implicados no golpe de 19 de Julho, com absolvição dos réus.
23 de Novembro - O jornal O Século publica o primeiro artigo sobre o caso do Banco Angola e Metrópole de Alves dos Reis, com o título «O que há?».
2 de Dezembro - Abertura do Parlamento.
6 de Dezembro - Alves dos Reis, director do Banco Angola e Metrópole, é preso.
10 de Dezembro - Renúncia ao cargo do presidente da república Teixeira Gomes
11 de Dezembro - Bernardino Machado é eleito novamente presidente da república, após a renúncia de Teixeira Gomes.
17 de Dezembro - Teixeira Gomes abandona o país, dirigindo-se para Oran, na Argélia, para fazer uma cura de repouso.
18 de Dezembro - Novo governo presidido por António Maria da Silva, devido à demissão do dirigido por Domingos Pereira. Foi o último governo da 1.ª República.
1926
17 a 19 de Janeiro - 1.º Congresso dos Mutilados Portugueses da Grande Guerra em Coimbra.
Fevereiro - Greve académica contra medidas do governo, consideradas lesivas dos estudantes.
1 de Fevereiro - Revolta da escola Prática de Artilharia em Vendas Novas, dirigida pelos radicais Martins Júnior e alferes Lacerda de Almeida. Depois da prisão dos oficiais, o regimento comandado pelos sargentos dirigiu-se para o Seixal tendo ocupado o forte de Almada, donde dispararam contra Lisboa.
12 de Fevereiro - O general Gomes da Costa recusa o convite de Mendes Cabeçadas para dirigir o golpe militar que está a preparar.
8 de Março - Afonso Costa é eleito presidente da Assembleia extraordinária da Sociedade das Nações.
13 de Maio - Lançamento da primeira pedra do monumento ao Marquês de Pombal na Rotunda, em Lisboa.
25 de Maio - Gomes da Costa aceita a direcção do movimento militar, partindo para Braga.
28 de Maio - Início do golpe militar de Braga, dirigido pelo general Gomes da Costa.
29 de Maio - António Maria da Silva apresenta a demissão do seu governo.
- A guarnição de Lisboa, adere ao golpe de Gomes da Costa.
30 de Maio - Mendes Cabeçadas forma governo, por convite de Bernardino Machado.
31 de Maio - O Congresso da República é encerrado por ordem do ministério da Guerra..
- Bernardino Machado apresenta a Mendes Cabeçadas a sua demissão da presidência da república.
3 de Junho - Mendes Cabeçadas forma novo governo. Não tendo sido nomeado pelo Presidente da República e não estando o Parlamento reunido, o novo governo não tem sustentação legal, e passa a governar em Ditadura, situação que se prolongará de facto até ao 25 de Abril de 1974.
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1910/1926
Busto da República
Grupo de Revolucionários civis e militares, em Lisboa
Outubro, 5 - Instauração do regime republicano. O Exército, sobretudo o seu corpo de oficiais, não participou, de facto, nem a favor nem contra a insurreição. É organizado um governo provisório presidido por Teófilo Braga.
Outubro, 6 - Proclamação da República no Porto.
Outubro, 8 - São promulgados os decretos que expulsam os Jesuítas e encerram os conventos, tanto os masculinos como os femininos.
Outubro, 9 - Os presos pertencentes a associações secretas são libertados. O objectivo é libertar os membros da Carbonária, a organização bombista republicana.
Outubro, 10 - As perseguições religiosas, durante a primeira semana de governo republicano, fazem com que nas prisões de Lisboa estejam encarcerados 128 padres e 233 freiras, tendo sido assassinados dois padres lazaristas.
- As perseguições políticas em Lisboa produzem a destruição dos jornais Liberal, do partido progressista, e Portugal, católico.
- José Relvas é nomeado ministro da fazenda, devido à recusa de Basílio Teles em tomar posse.
Outubro, 12 - É criada a Guarda Nacional Republicana, novo nome dada às Guardas Municipais de Lisboa e Porto. A criação da Guarda tinha como objectivo retirar ao exército, encarado como a Nação em Armas, a função de defesa do regime, e de manutenção da ordem pública. Esta divisão de tarefas nunca existiu na prática.
Outubro, 14 - A família real chega a Inglaterra, após passagem por Gibraltar.
- O jornal a República Portugueza começa a circular, defendendo a instauração de uma ditadura revolucionária, contra os provisórios - membros do grupo que domina o governo provisório - e os adesivos - os convertidos ao regime considerados oportunistas. Os seus criadores são antigos cabecilhas da greve académica republicana de 1907, e entre eles conta-se Alfredo Pimenta, Francisco Pulido Valente, Manuel Bravo e Tomás da Fonseca.
Outubro, 17 - Criação de uma comissão para estudar a reorganização do exército. Irá tentar-se criar um exército miliciano, mas de facto o núcleo profissional irá manter-se inalterável. A Policia Civil de Lisboa adopta o nome de Policia Cívica.
- Na Universidade de Coimbra a Sala dos Capelos é destruída, e os retratos dos reis D. Carlos e D. Manuel baleados, no decurso de uma manifestação contra os professores monárquicos e a universidade fradesca.
Outubro, 18 - O ensino da doutrina cristã é abolido, assim como o juramento religioso em actos oficiais. Os títulos nobiliárquicos são abolidos.
Outubro, 19 - Manuel de Arriaga é nomeado reitor da Universidade de Coimbra..
Outubro, 20 - O Núncio Apostólico abandona Lisboa.
Outubro, 21 - O bispo de Beja é suspenso das suas actividades apostólicas, devido ao abandono da sede episcopal, o que tinha acontecido por ter sido ameaçado de morte. Será destituído em 18 de Abril de 1911.
Outubro, 22 - O Brasil e a Argentina são os primeiros países a reconhecer oficialmente a República Portuguesa. O ensino da doutrina cristã é proibida no ensino primário.
Outubro, 23 - O foro académico é abolido, assim como a obrigatoriedade do uso de capa e batina.
Outubro, 26 - Os dias santificados são abolidos, com a excepção do Domingo, passando a ser considerados dias de trabalho.
Outubro, 27 - Aparecimento do Correio da Manhã, organizado por jornalistas franquistas e que se assumem «representantes das classes conservadoras».
Novembro, 3 - É promulgada a lei do divórcio.
Novembro, 10 - A Grã-Bretanha reconhece de facto a República portuguesa, quando desembarca em Lisboa o novo embaixador.
Novembro, 11 - Continuando as perseguições por motivos religiosos, Afonso Costa propõe a divulgação dos nomes e das biografias dos jesuítas que viviam em Portugal.
Novembro, 12 - Surge o jornal O Intransigente, o órgão dos verdadeiros carbonários, dirigido por Machado Santos.
Novembro, 15 - Greve dos trabalhadores da Carris, que deu início a uma vaga grevista.
Novembro, 22 - Brito Camacho é nomeado ministro do Fomento, nova denominação para o ministério das Obras Públicas, substituindo António Luís Gomes.
Dezembro, 1 - A Bandeira Nacional republicana é inaugurada.
Dezembro, 6 - O direito à greve e ao lock-out é severamente restringido, por um decreto que ficará conhecido pelo decreto burla.
Dezembro, 25 - É instituído o casamento civil, e promulgada uma «Lei da Família».
Dezembro, 31 - As associações religiosas são reguladas, proibindo-se o exercício do ensino e a utilização pública de hábitos talares aos seus membros.
1911
Janeiro, 6 - António José de Almeida apresenta um projecto de regulamentação do horário de trabalho, que não é aprovado pelo conselho de ministros, ameaçando demitir-se. O projecto visa dar resposta à principal revindicação dos movimentos grevistas.
Janeiro, 7 - Greve geral dos ferroviários, que termina o movimento grevista iniciado em 15 de Novembro de 1910. A resposta da GNR aos piquetes e manifestações sindicais é normalmente violenta.
Janeiro, 8 - Continuação das perseguições políticas com assalto às redacções dos jornais monárquicos de Lisboa, Correio da Manhã, O Liberal e Diário Ilustrado.
Janeiro, 10 - Regulamentação do descanso semanal obrigatório ao Domingo.
Janeiro, 11 - António José de Almeida aparece na Assembleia Geral dos Caixeiros, no Ateneu, e informa que se tenciona demitir devido à oposição de Afonso Costa e Brito Camacho ao seu projecto. Organiza-se uma manifestação que, dirigindo-se para o Terreiro do Paço, exige a sua permanência no governo. Teófilo Braga, o presidente do governo provisório, aceita, «em face da atitude do povo».
Janeiro, 15 - Começa a ser publicado o jornal República, dirigido por António José de Almeida.
- A Carbonária manifesta-se em Lisboa contra o movimento grevista, fazendo desfilar os chamados batalhões de voluntários da República.
Janeiro, 21 - O culto católico é proibido na capela da Universidade de Coimbra.
Fevereiro, 1 - Continuação da repressão política, com a destruição do Centro Académico de Democracia Cristã.
Fevereiro, 15 - É criada uma comissão para estudo da reforma da ortografia.
- João Chagas demite-se da junta consultiva do partido republicano, devido à nomeação de José Relvas e Brito Camacho para o Governo provisório.
Fevereiro, 17 - Continuam as perseguições políticas, com ameaças a Sampaio Bruno, que o levou a susper a publicação do Diário da Tarde, jornal que tinha fundado no Porto, e começado a sua publicação em 2 de Janeiro. Sampaio Bruno partiu para o exílio em Paris, depois de ter sido ameaçado pelo novo governador civil republicano do Porto.
Fevereiro, 18 - É instituído o Registo Civil obrigatório, com encerramento dos registos paroquiais.
Fevereiro, 23 - Numa pastoral colectiva, divulgado sem pedido prévio de autorização ao governo, os bispos portugueses tomam posição contra as medidas de laicização tomadas pelo governo até ao momento.
- Continuam as perseguições políticas, com confrontos, no Porto, entre republicanos e católicos, membros do Centro Católico e da Associação Católica.
Março, 2 - Lei do recrutamento. Instaura teoricamente, mas não de facto, o recrutamento universal. O sistema oficial das remissões - pagamento de um substituto - acaba, mas é substituído pelo sistema - corrupto - de pagamento para se ficar «não apto».
Março, 3 a 7 - Conflito entre Afonso Costa, que enquanto ministro da Justiça estava encarregado de supervisionar os Cultos, e os bispos devido à pastoral de 23 de Fevereiro, que o ministro queria ter censurado previamente, afirmando que negava o beneplácito do governo, o antigo beneplácito régio, vindo do século XIV.
Março, 14 - Promulgação da Lei eleitoral. O sufrágio universal, uma das principais bandeiras do partido republicano, não é estabelecido.
Março, 22 - São criadas as Universidades de Lisboa e do Porto, e criada uma Faculdade de Letras na Universidade de Coimbra, em substituição da Faculdade de Teologia, extinta.
Março, 29 - Reorganização do ensino primário, criando-se o ensino oficial infantil, novo nível de ensino que de facto não é posto em prática.
Abril, 20 - É promulgada a Lei de Separação entre o Estado e a Igreja. Os bens da igreja são nacionalizados e o culto supervisionado. O Vaticano cortou relações com Portugal devido a esta lei.
3 de Maio - Publicação do Decreto de organização da Guarda Nacional Republicana. Rapidamente começará a intervir na vida política.
22 de Maio - Institucionalização do Escudo como moeda oficial, em substituição do real. Não se trata de uma reforma monetária mas sim de uma alteração do processo de conta.
25 de Maio - Decreto de reorganização do Exército. Previa a existência de 8 divisões e 1 brigada de cavalaria, com um quadro permanente de 1.773 oficiais e 9.926 praças. O serviço militar devia ser geral e obrigatório. Os mancebos passavam por uma escola de recruta, de 15 a 30 semanas, sendo chamados quase todos os anos (7 em 10) para as escolas de repetição, que duravam 2 semanas. Criavam-se também escolas de quadros, que formariam os futuros oficiais milicianos.
28 de Maio - Realizam-se as eleições para a Assembleia Nacional Constituinte.
19 de Junho - Abertura da Assembleia Constituinte, composta de 229 membros. Sanciona a implantação da República e a abolição da Monarquia. Estabelece as cores e o desenho da Bandeira Nacional e adopta a Portuguesa, de Alfredo Keil, como Hino Nacional
- Os Estados Unidos da América reconhecem a República Portuguesa, sendo a primeira potência com algum significado a fazê-lo.
21 de Agosto - Promulgação da Constituição da República.
24 de Agosto - Eleição do Presidente da República. O escolhido, pelo colégio eleitoral formado pelas duas câmaras da Assembleia, é Manuel de Arriaga, que exercerá o cargo até Janeiro de 1915.
- A França reconhece a República portuguesa, sendo o primeiro país europeu a fazê-lo
25 de Agosto - A Constituição entra em vigor.
3 de Setembro - Nomeação do primeiro Governo Constitucional da República, dirigido por João Chagas, mas com a oposição do grupo liderado por Afonso Costa.
11 de Setembro - Reconhecimento conjunto da República portuguesa pelas grandes potências europeias, todas monárquicas: Grã-Bretanha, Espanha, Alemanha, Itália e Áustria-Hungria.
12 de Setembro - A reforma ortográfica é instituída.
21 de Setembro - O Partido Republicano Português cinde-se em quatro tendências: democráticos ou radicais, dirigidos por Afonso Costa, unionistas, dirigidos por Brito Camacho, evolucionistas, de António José de Almeida e independentes.
5 de Outubro - Primeira incursão monárquica, comandada por Paiva Couceiro, em Trás-os-Montes. O ministro da guerra, general Pimenta de Castro, será exonerado dia 8 de Outubro seguinte, devido a divergências com João Chagas, presidente do Conselho de Ministros. Será substituído pelo major Alberto da Silveira.
20 de Outubro - António José de Almeida, ministro do interior, é vaiado no Rossio, abandonando o Partido Republicano.
27 a 30 de Outubro - Congresso do Partido Republicano Português. A direcção eleita é da confiança de Afonso Costa. A partir do Congresso passará a ser conhecido por Partido Democrático.
4 de Novembro - O governo de Angola pede auxílio a Lisboa para pôr cobro à rebelião instalada no planalto de Benguela, assim como no Bié, Lunda e Norte do Cassai.
13 de Novembro - Nomeação do segundo governo da República, dirigido por Augusto de Vasconcelos. Sobreviverá até 16 de Junho de 1912.
Dezembro - Realiza-se o recenseamento da população portuguesa. A população ascendia a 5.950.056 habitantes. 80% trabalhava na agricultura e 75% era analfabeta.
1912
14 de Janeiro - A perseguição anti-clerical continua, com a proibição dos bispos de Coimbra e Viseu residirem no distritos das suas dioceses.
28 a 30 de Janeiro - Greve geral em Lisboa de apoio aos trabalhadores do Alentejo. A resposta do governo levou ao encerramento de todas as sedes sindicais, declaração do estado de sítio e suspensão de todas as garantias constitucionais no distrito de Lisboa.
31 de Janeiro - Forças militares e da carbonária tomam de assalto a União dos Sindicatos. Os presos são enviados para bordo da fragata D. Fernando e do transporte Pêro de Alenquer.
7 de Fevereiro - O governo britânico desmente os boatos, postos a circular pelo embaixador português Teixeira Gomes, que davam como certo um acordo entre o Reino Unido e a Alemanha para divisão das colónias portuguesas de África.
24 de Fevereiro - António José de Almeida funda o Partido Evolucionista.
26 de Fevereiro - Brito Camacho funda o partido unionista - Partido União Republicana.
5 de Março - António José de Almeida apresenta um projecto de amnistia, que englobaria os monárquicos presos por atentarem contra o regime republicano. A proposta serviu de apresentação do partido evolucionista, e foi recusada.
15 de Abril - O Presidente do Ministério e ministro dos negócios estrangeiros, Augusto de Vasconcelos, garantiu na Câmara dos Deputados não existir nenhum tratado entre a Inglaterra e a Alemanha «de natureza a ameaçar a independência, a integridade e os interesses de Portugal ou de uma parte qualquer dos seus domínios.»
27 de Abril - O grupo de Afonso Costa domina o Congresso do Partido Democrático, realizado em Braga.
Maio - O Centro Académico de Democracia Cristã é reactivado, com uma direcção formada por Gonçalves Cerejeira, Oliveira Salazar e Pacheco de Amorim.
Maio / Junho - Greve da Carris que dura 26 dias.
16 de Junho - Tomada de posse do 3.º governo constitucional da República, dirigido por Duarte Leite, e constituído por tês membros do partido democrático, 2 evolucionistas e um independente.
6 e 7 de Julho - As forças monárquicas de Paiva Couceiro entram, pela segunda vez, em Portugal tentando tomar a praça de Valença, o que não conseguem. Entrarão no dia seguinte em Trás-os-Montes tentando capturar Chaves.
8 de Julho - Combate de Chaves. Os monárquicos são completamente desbaratados, deixando alguns mortos e feridos no campo.
10 de Julho - Os projectos de construção dos caminhos-de-ferro de Benguela, em Angola, e da Zambézia, em Moçambique, são aprovados.
8 de Agosto - O governador Norton de Matos funda a cidade de Nova Lisboa, actual Huambo, em Angola.
Agosto - Realiza-se em Évora o 1.º Congresso dos Trabalhadores Rurais.
10 de Novembro - Afonso Costa, discursando em Santarém, afirma que «neste momento, em que vai talvez dar-se uma conflagração europeia ... nós não sabemos ainda qual terá de ser o nosso papel, porque não está definida verdadeiramente a natureza, a extensão, os efeitos da nossa aliança com a Inglaterra.»
18 de Dezembro - Um relatório secreto do Estado-Maior da Marinha britânica, conclui que Portugal não tinha para a Grã-Bretanha grande valor estratégico, desde que os seus territórios atlânticos não caíssem nas mãos de potências hostis.
1913
9 de Janeiro - Tomada de posse do 1.º governo Afonso Costa, formado unicamente por membros do partido democrático.
24 de Janeiro - A organização da Cruz Vermelha Portuguesa é aprovada.
21 de Fevereiro - Confirmam-se as suspeitas de existência de negociações, entre a Grã-Bretanha e a Alemanha, sobre a remodelação do tratado anglo-alemão de 30 de Agosto de 1898, que de facto tratava da partilha das colónias portuguesas.
5 de Março - Lisboa informa os embaixadores de Paris e de Berlim da sua adesão ao Acordo Franco-Alemão de 4 de Novembro de 1911, que pôs fim à segunda crise marroquina.
Abril - Reunião do 2.º Congresso dos Operários Agrícolas, em Évora.
27 de Abril - Tentativa revolucionária contra o primeiro governo presidido por Afonso Costa. É a primeira vez que republicanos participam num golpe contra um governo republicano.
28 de Abril - A publicação de vários jornais de Lisboa é suspensa.
10 de Junho - Lançamento de bombas sobre o cortejo de homenagem a Camões, que era constituído fundamentalmente por crianças.
21 de Junho - Promulgação de uma lei que impõe a aplicação no novo sistema monetário aprovado em 1911.
30 de Junho - A lei orçamental autoriza o governo a criar a Faculdade de Ciências Económicas e Políticas, previsto na Constituição Universitária de 1911, com o nome de Faculdade de Estudos Sociais e de Direito. O seu primeiro director será Afonso Costa. Só em 1918 adoptará o nome de Faculdade de Direito.
3 de Julho - O governo Afonso Costa retira o direito de voto aos chefes de família analfabetos. O sufrágio universal continua a não ser aplicado em Portugal, ao contrário de países como a Alemanha, Itália, Áustria, Montenegro, Suécia e Suiça. O número de eleitores continua igual ao existente no tempo da monarquia.
7 de Julho - Tentativa revolucionária radical com assalto ao Quartel de Marinheiros. É criado o Ministério da Instrução Pública.
10 de Julho - O governo corta as relações com o Vaticano e fecha a embaixada de Portugal junto da Santa Sé.
20 de Julho - Tentativas monárquicas de assalto a vários quartéis de Lisboa, contra os quais foram arremessadas bombas explosivas.
31 de Julho - Por meio de um ofício secreto, o ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, Edward Grey, informa o seu embaixador em Portugal, Arthur Hardinge, de que o governo da Grã-Bretanha «opor-se-ia à intervenção de qualquer outra potência excepto a Espanha» nos assuntos portugueses.
8 de Agosto - 1.º Congresso do Partido Evolucionista.
13 de Agosto - É rubricado, com vista a posterior assinatura e ratificação, um novo Acordo Anglo-Alemão, que não só renovava as cláusulas do acordo de 1898 sobre as colónias portuguesas, acordo realizado no âmbito do pedido de empréstimo português após a bancarrota, mas também estabelecia uma nova partilha territorial, assim como alargava os fundamentos de intervenção.
23 de Agosto - Promulgação do novo Código Administrativo.
14 de Outubro - O jornal O Dia publica, reproduzindo o Daily Telegraph londrino, as supostas bases do acordo franco-espanhol de Cartagena em que a França permitiria que a Espanha de Afonso XIII, de acordo com uma hipotética base VIII, pudesse reclamar uma intervenção directa em Portugal, motivada pela progressão da anarquia política no país.
20 de Outubro - Nova tentativa de revolução monárquica levada a cabo por civis e liderada por João de Azevedo Coutinho.
- O texto definitivo do Acordo Anglo-Alemão de Agosto de 1913 é rubricado. O desmembramento e partilha das colónias portuguesas torna-se uma ameaça cada vez mais real.
16 de Novembro - Eleições suplementares para o Parlamento, com vitória do Partido Democrático que obtêm a maioria absoluta na Câmara dos Deputados.
9 de Dezembro - O ministro dos negócios estrangeiros alemão, fazendo no Reichtag o discurso anual sobre política externa, torna pública a existência de negociações com a Grã-Bretanha sobre as colónias portuguesas e prevê o êxito das mesmas.
16 de Dezembro - O embaixador português em Londres, Teixeira Gomes, consegue que o governo britânico se comprometa a não assinar o acordo anglo-alemão sem o requisito prévio da sua publicação. O que não interessava ao governo alemão.
1914
26 de Janeiro - Realiza-se uma manifestação a favor de Afonso Costa, assim como uma contra-manifestação promovida por Machados Santos.
9 de Fevereiro - O governo chefiado por Bernardino Machado toma posse, tentando ser um governo de reconciliação nacional. Propõem-se rever a lei da separação entre o Estado e a Igreja.
10 de Fevereiro - O embaixador francês em Londres, Paul Cambon, faz notar à Grã-Bretanha que a publicação do acordo anglo-alemão de Outubro de 1913 sobre as colónias portuguesas, tornava significativa a aproximação anglo-alemã, o que implicava o enfraquecimento da «Entente Cordiale» entre Paris e Londres.
22 de Fevereiro - Amnistia para os monárquicos, em que se inclui o bispo do Porto, punido por ter desobedecido à proibição de de ler nas missas a pastoral de Fevereiro de 1911.
14 de Março - Criação da União Operária Nacional, no decurso do Congresso Operário realizado em Tomar.
8 de Abril - Criação da Junta Central do Integralismo Lusitano, que publica um manifesto no primeiro número da revista Nação Portuguesa.
23 de Junho - 2.º governo dirigido por Bernardino Machado. Governo extrapartidário tendo por principal função a marcação e organização das eleições parlamentares.
28 de Junho - O arquiduque Francisco Fernando, herdeiro presuntivo do imperador austro-húngaro Francisco José, é assassinado em Sarajevo, capital da província da Bósnia-Herzegovina, por revolucionários sérvios..
- Discute-se no parlamento português o orçamento do ministério da Guerra. O ministro confidencia a um dos deputados, sobre o que o exército tinha ou não tinha para assegurar a defesa nacional: «Não digo que tem pouco, digo que não tem nada».
28 de Julho - A Alemanha acede a assinar o Acordo Anglo-Alemão sobre as colónias portuguesas nos termos pretendidos pela Grã-Bretanha.
- A Áustria-Hungria declara guerra à Sérvia. A Rússia mobiliza, dando início às movimentações que levarão ao desencadear em 4 de Agosto da Primeira Guerra Mundial.
1 de Agosto - A Alemanha declara a guerra à Rússia.
- A França ordena a mobilização geral dos exércitos.
3 de Agosto - A Alemanha declara a guerra à França, e invade o Luxemburgo e a Bélgica.
- O governo britânico entrega uma carta ao embaixador de Portugal em Londres, instando junto do «Governo português para se abster, por agora, de publicar qualquer declaração de neutralidade».
- Uma multidão junta-se à porta do Banco de Portugal, para trocar as notas por metal, provocando uma crise financeira temporária. O montante das trocas diárias vai diminuindo ao longo dos dias seguintes.
4 de Agosto - A Grã-Bretanha declara a guerra à Alemanha, devido à violação do Tratado de 1831 que declarava a Bélgica território neutral perpetuamente.
- O governo britânico informa oficialmente o governo português, por intermédio do seu embaixador em Lisboa, que «em caso de ataque da Alemanha contra qualquer possessão portuguesa, o Governo de Sua Majestade considerar-se-á ligado por estipulações da aliança anglo-portuguesa».
7 de Agosto - Devido ao deflagrar da 1.ª Guerra Mundial, o Congresso da República, reunido extraordinariamente aprova um documento de intenções sobre a condução da política externa. Afirma-se que Portugal não faltaria aos seus compromissos internacionais, sobretudo no que diz respeito à Aliança Luso-Britânica.
12 de Agosto - É decidida a organização de uma expedição militar com destino a Angola e a Moçambique.
- É assinado o Tratado de Comércio e Navegação Luso-Britânico.
- A França e a Grã-Bretanha declaram a guerra à Áustria-Hungria.
- O Japão declara a guerra à Alemanha.
18 de Agosto - É decidida a organização de uma expedição militar com destino a Angola e a Moçambique
25 de Agosto - Em Moçambique dá-se o primeiro incidente de fronteira, com o ataque alemão ao posto fronteiriço de Maziúa, na fronteira do Rovuma, tendo sido morto o chefe do posto e sendo incendiado o posto e as palhotas vizinhas.
11 de Setembro - Partida de Lisboa de uma expedição militar, comandada pelo tenente-coronel Alves Roçadas, com destino a Angola.
- Partida de um corpo expedicionário para Moçambique. O posto fronteiriço de Mazúa, na fronteira de Moçambique com a África Oriental Alemã (actual Tânzania) tinha sido novamente atacado.
18 de Setembro - Tumultos e assaltos a lojas em Lisboa e no Porto, devido ao aumento do custo de vida.
1 de Outubro - As forças expedicionárias do comando de Alves Roçadas desembarcam em Moçamedes, no Sul de Angola. A força era composta de 1 batalhão de infantaria, 1 pelotão de metralhadoras, 1 bateria de artilharia e 1 esquadrão de cavalaria.
10 de Outubro - O governo britânico, invocando a antiga aliança, «formalmente convida o Governo Português a deixar a sua atitude de neutralidade, e enfileirar activamente ao lado da Grã-Bretanha e dos seus aliados.»
19 de Outubro - Partida de uma missão militar, composta pelos capitães Ivens Ferraz, Fernando Freiria e Azambuja Martins para conferenciar com o estado-maior britânico.
- Incidente de fronteira em Naulila, no sul de Angola. São mortos três alemães, parte de uma missão, que tinha entrado na província sem autorização, e acampado na margem esquerda do Cunene, mas já no território da província.
20 de Outubro - Movimentos revolucionários monárquicos em Mafra e Bragança. Declaram-se contra a participação de Portugal na Guerra.
- O Partido Socialista promove uma manifestação de apoio ao Aliados.
22 de Outubro - As forças expedicionárias de Alves Roçadas e forças provinciais acabam a sua concentração em Lubango, no planalto de Moçamedes, preparando a defesa do sul de Angola contra quaisquer investidas de tropas vinda da África Alemã do Sudoeste.
30 de Outubro - Massacre de Cuangar. O posto português de Cuangar, na margem esquerda do rio Cubango, no Sul de Angola, é atacado por alemães armados de metralhadoras. São mortos dois oficiais, um sargento, cinco soldados europeus e treze africanos, o comerciante Sousa Machado e uma mulher, num total de 22 pessoas.
31 de Outubro - Alves Roçadas determina a organização das chamadas Forças em operações ao Sul de Angola, com as forças expedicionárias e forças da província.
1 de Novembro - A primeira expedição portuguesa para Moçambique desembarca em Porto Amélia, no norte da colónia. Era composta por 1 batalhão, 1 bateria e 1 esquadrão.
5 de Novembro - Forças militares de reforço da guarnição portuguesa em Angola partem de Lisboa, comandadas pelo capitão-tenente Coriolano da Costa, devido a incidentes graves com tropas alemãs na fronteira.
17 de Novembro - É proibida a subida ao palco de uma revista, no Teatro da Rua dos Condes, por dar um quadro pouco abonatório do exército português.
23 de Novembro - Reunião extraordinária do Congresso da República em que o governo é autorizado a participar na guerra ao lado da Grã-Bretanha, e a ceder desde logo 20.000 espingardas com 600 cartuchos cada uma e 56 peças de artilharia pedidas pelo governo britânico.
12 de Dezembro - Ministério dos «Miseráveis», presidido por Vítor Hugo de Azevedo Coutinho. Só sobreviveu até 25 de Janeiro do ano seguinte.
12 e 13 de Dezembro - Encontros entre patrulhas portuguesas e alemãs, no Sul de Angola, com troca de tiros.
17 de Dezembro - Forças alemãs, sob o comando do major Frank, acampam nas margens do Cunene.
18 de Dezembro - Combate de Naulila. As forças alemãs atacam as portuguesas obrigando-as a retirar, em direcção a Humbe, no Sul de Angola. Morrem 3 oficiais e 66 sargentos e soldados.
19 de Dezembro - As forças portuguesas abandonam Humbe, depois do paiol do Forte Roçadas ter explodido. Retiram mais para norte, para Gambos, com intenção de defender Lubango, no Sul de Angola.
- Motivados pelos combates entre forças europeias, as populações africanas da Huíla, no Sul de Angola, revoltam-se. São dirigidas pelo soba Mandume, da terra Cuanhama.
1915
15 de Janeiro - O presidente da república, Manuel de Arriaga, reúne os principais dirigentes políticos para ouvir a sua opinião sobre a política seguida pelo Partido Democrático, de Afonso Costa, de empurrar Portugal para a guerra.
20 e 21 de Janeiro - «Movimento das Espadas». A maior parte dos oficiais da guarnição de Lisboa, chefiados por Machado Santos e Pimenta de Castro, protesta por considerar que a demissão de um seu colega, o major João Craveiro Lopes, foi efectuada por motivos políticos.
20 e 21 de Janeiro - «Movimento das Espadas». A maior parte dos oficiais da guarnição de Lisboa,
23 de Janeiro - Aprovação do Tratado de Comércio e Navegação entre Portugal e a Grã-Bretanha.
25 de Janeiro - O presidente da república, Manuel de Arriaga, demite o governo do partido democrático e encarrega, em ditadura, isto é, sem que o Congresso tivesse em sessão, o general Pimenta de Castro de formar um novo governo com intenção de preparar eleições. A participação dos militares nos assuntos políticos torna-se cada vez maior.
3 de Fevereiro - Mais expedições militares partem para Angola, para fazer frente aos ataques constantes das forças alemãs.
7 de Fevereiro - É sagrado bispo do Funchal, D. António Manuel Pereira Ribeiro, a primeira sagração episcopal da República.
3 de Março - O aumento do preço do pão provoca assaltos às padarias e tumultos um pouco por todo o país.
4 de Março - Os deputados do Partido Democrático de Afonso Costa são proibidos de entrar no Parlamento. Os deputados e senadores democráticos reunidos em Loures, no Palácio da Mitra, aprovam uma moção declarando o ministério fora-da-lei.
20 de Abril - Amnistia para todos os presos políticos.
22 de Abril - Os vereadores da Câmara Municipal de Lisboa são intimados a ceder o lugar à Comissão Administrativa nomeado pelo governo. São presos por terem recusados.
23 de Abril - São demitidas pelo governo várias câmaras municpais do País, sendo substituídas por comissões administrativas.
10 de Maio - Grandes manifestações republicanas em Lisboa.
14 de Maio - Em Lisboa, grupos tumultuosos de pessoas assaltam armazéns e padarias à procura de comida. Aproveitando a situação republicanos civis e militares levam a efeito um movimento revolucionário que provoca centenas de mortos e feridos.
15 de Maio - O governo ditatorial de Pimenta de Castro é demitido, sendo nomeado João Chagas para formar o novo ministério. O general Norton de Matos é escolhido para ministro da Guerra.
17 de Maio - Devido a um atentado no Entroncamento à vida de João Chagas, que fica gravemente ferido e cego de um olho, José Ribeiro de Castro é nomeado chefe do governo.
29 de Maio - Teófilo Braga é nomeado presidente da república interino, devido à demissão no dia 15 de Maio de Manuel de Arriaga.
13 de Junho - O Partido Democrático ganha as eleições legislativas, obtendo a maioria absoluta.
1 de Julho - Nova Lei Eleitoral. Os militares no activo passam a ter direito de voto. Os analfabetos continuam a não poder votar.
3 de Julho - Afonso Costa sofre um traumatismo craniano quando se atira para fora de um eléctrico devido ao medo de um atentado bombista.
4 de Agosto - O governo é autorizado a contrair dois empréstimos, destinados a fazer face ao aumento das despesas com as forças expedicionárias enviadas para as colónias.
6 de Agosto - Bernardino Machado é eleito Presidente da República.
29 de Novembro - Afonso Costa, restabelecido de uma fractura do crânio, é nomeado chefe do governo, constituído unicamente por membros do Partido Democrático.
1916
17 de Fevereiro - O governo português recebe um pedido do governo britânico «em nome da aliança» de «requisição urgente de todos os barcos inimigos estacionados em portos portugueses».
23 de Fevereiro - Portugal apreende todos os navios mercantes alemães fundeados nos Portos portugueses, a fim de serem colocados ao serviço da causa comum luso-britânica, numa operação dirigida pelo capitão de fragata Leote do Rego, comandante da Divisão Naval de Defesa.
9 de Março - A Alemanha declara a guerra a Portugal.
15 de Março - Constituí-se o chamado governo de «União Sagrada», em que Afonso Costa cede o seu lugar de presidente do governo e cede o seu lugar a António José de Almeida.
16 de Março - É criado o Ministério do Trabalho.
25 de Março - O ministro da Guerra, general Norton de Matos, publica uma Ordem do Exército, esclarecendo a situação de guerra.
28 de Março - Todas as publicações, periódicas ou não, são obrigados à censura prévia enquanto durar a guerra. Várias organizações sindicais que se manifestaram contra a entrada de Portugal na guerra são dissolvidas.
20 de Abril - É decidida a censura à correspondência enviada para países estrangeiros e para as colónias, e da recebida destas.
9 de Junho - Afonso Costa, ministro das finanças, e Augusto Soares, ministro dos Negócios Estrangeiros, partem para Paris para participar na Conferência Económica dos Aliados. Nessa reunião considera-se como condição preliminar e sine qua non de paz a restituição dos territórios indevidamente ocupados pela Alemanha: Alsácia e Lorena à França, em 1871, e Quionga, Moçambique, em 1894, a Portugal.
15 de Junho - O governo britânico convida formalmente Portugal a tomar parte activa nas operações militares dos aliados.
22 de Julho - É constituído, em Tancos, sob o comando do general Norton de Matos, o Corpo Expedicionário Português (CEP), formado por 30 mil homens.
7 de Agosto - O Parlamento português aceita a participação de Portugal na Guerra de acordo com o convite formal do governo britânico de 15 de Junho.
31 de Agosto - É votada a pena de morte em situação de guerra.
Dezembro - O chefe do Estado-maior do CEP, major Roberto Baptista, parte para França, acompanhado de outros oficiais do Estado-maior para preparar a recepção das tropas portuguesas.
13 de Dezembro - Machado Santos faz, em Tomar, uma tentativa revolucionária, malograda. É decidido o estado de sítio e presas várias personalidades.
26 de Dezembro - O governo francês manifesta ao governo português o desejo, de que fosse enviado para França pessoal de artilharia necessário para guarnecer 20 a 30 baterias de artilharia pesada francesa.
1917
3 de Janeiro - Convenção com a Grã-Bretanha para regulamentação da nossa participação na frente europeia. O CEP ficará subordinado ao BEF (British Expeditionary Force).
7 de Janeiro - O governo francês dá o seu acordo à proposta portuguesa que, em resposta ao seu pedido de 26 de Dezembro, propõe disponibilizar pessoal de artilharia necessário para 25 baterias de artilharia pesada, sob um Comando Superior Português. Tem assim origem o Corpo de Artilharia Independente (CAPI).
17 de Janeiro - O CEP é mandado organizar, como uma Divisão de Infantaria reforçada.
30 de Janeiro - A 1.ª Brigada do CEP, do comando do general Gomes da Costa sai do Tejo a bordo de três vapores britânicos.
2 de Fevereiro - As primeiras tropas portuguesas chegam a Brest, porto na Bretanha, onde desembarcam.
8 de Fevereiro - As tropas portuguesas chegam à zona de Thérouane, na Flandres francesa, que será o local de concentração da divisão do CEP.
12 de Fevereiro - O general Tamagnini de Abreu e Silva, comandante do CEP, propõe a elevação da Divisão a Corpo de Exército.
20 de Fevereiro - A proposta do general Tamagnini de reorganizar o CEP enquanto Corpo de Exército é aceite.
23 de Fevereiro - Parte para França o segundo contingente do CEP.
26 de Fevereiro - A iluminação pública em Lisboa é diminuída, para poupar energia.
5 de Março - Manuel Arriaga, o primeiro presidente da República, morre em Lisboa.
4 de Abril - As primeiras tropas portuguesas entram nas trincheiras. É morto o primeiro soldado português em combate, António Gonçalves Curado.
6 de Abril - A Escola de Morteiros de Trincheira do CEP é organizada.
- Os Estados Unidos da América declaram a guerra à Alemanha.
20 de Abril - O CEP, a concentrar-se no Norte de França, é reorganizado enquanto Corpo de Exército.
25 de Abril - Constituição do terceiro governo presidido por Afonso Costa, devido ao fim do ministério da União Sagrada, provocado pela saída dos evolucionistas..
7 de Maio - A Escola de Gás do CEP, em Mametz, começa a funcionar.
13 de Maio - Primeira aparição em Fátima de Nossa Senhora aos três pastorinhos Lúcia, Francisco e Jacinta.
17 de Maio - É assinada a «Convenção militar para o emprego das forças portuguesas de artilharia pesada na linha francesa de operações em França». O CAPI será organizado com pessoal de 10 baterias, sob o comando do coronel João Clímaco Pereira Homem Teles.
19 a 21 de Maio - Greves, motins e assaltos a mercearias e armazéns de Lisboa e arredores, assim como no Porto, devido à carestia de vida, provocada pelo racionamento, que provocaram uma repressão feroz por parte do governo de Afonso Costa. No Porto as vítimas ascenderam a vinte e duas.
21 de Maio - O general Norton de Matos, ministro da Guerra, chega a Londres, para regular com o governo britânico a disponibilização de navios para transporte dos reforços militares para o CEP.
30 de Maio - A 1.ª brigada de infantaria, da 1.ª divisão do CEP, ocupa um sector na frente de batalha.
4 de Junho - Primeiro ataque alemão ao sector defendido pela 1.ª brigada portuguesa.
16 de Junho - A 2.ª brigada de infantaria ocupa o seu sector na frente de batalha.
1 de Julho - 6.º Congresso do Partido Democrático. Afonso Costa é reeleito membro do Directório.
7 de Julho - Os comandantes portugueses do CEP encontram-se com o rei Jorge V de Inglaterra, em Fauquembergues.
10 de Julho - A 1.ª Divisão do CEP assume a responsabilidade da sua parte do Sector Português na linha da frente. Estará subordinada ao XI Corpo de Exército britânico comandado pelo general Haking.
A 3.ª brigada de infantaria ocupa um sector da frente de batalha.
12 de Julho - Devido às greves constantes é declarado o estado de sítio em Lisboa e concelhos limítrofes.
31 de Julho - Terceira batalha de Ypres. O 2.º Exército britânico começa uma ofensiva na zona de Ypres, na Flandres belga, a norte do sector português da frente. A cidade de Passchendaele será tomada por forças canadianas em Novembro. O objectivo de conquistar a zona costeira da Bélgica, de maneira a diminuir a intensidade da guerra submarina alemã, não foi atingido.
10 de Setembro - É estabelecida a censura militar aos filmes que façam alusão à guerra.
14 de Setembro - O alferes miliciano Gomes Teixeira, à frente do seu pelotão, realiza o aprisionamento de quatro soldados alemães; o primeiro realizado por tropas portuguesas na frente ocidental.
23 de Setembro - A 4.ª brigada de infantaria (a «Brigada do Minho»), parte da 2.ª divisão, entra em sector na linha da frente.
11 de Outubro - Bernardino Machado, presidente da República, chega à zona de concentração do CEP em visita às tropas na frente. É acompanhado de Afonso Costa, presidente do Conselho e ministro das Finanças, e de Augusto Soares, ministro dos Negócios Estrangeiros. A estadia irá prolongar-se até 15 de Outubro.
13 de Outubro - Cerimónia de entrega das primeiras Cruzes de Guerra ao CEP. Serão condecorados 10 oficiais, 8 sargentos e 27 cabos e soldados.
17 de Outubro - O primeiro contingente do CAPI, que representa o apoio directo de Portugal ao esforço de guerra francês, chega à sua zona de concentração em França. Passará a ser designado por «Corps d'Artillerie Lourde Portugais» (CALP).
20 de Outubro - O Partido Centrista Republicano é criado, juntando dissidentes do Partido Evolucionista e de membros da dissidência do antigo Partido Progressista monárquico.
21 de Outubro - Eleições complementares em Lisboa. Participam somente 15% dos eleitores.
25 de Outubro O presidente da República, Bernardino Machado, chega a Lisboa, após a sua visita às tropas portuguesas em França.
28 de Outubro - O último dos navios de transporte britânicos, dos sete iniciais, é retirado do serviço do CEP. Os quadros do corpo expedicionário não serão completados, e no futuro não serão substituídos.
1 de Novembro O Grupo de Esquadrões de Cavalaria do CEP é extinto, sendo convertido em Grupo de Companhias Ciclistas.
5 de Novembro - O Comando do CEP assume a responsabilidade da defesa do Sector Português na frente. Estava subordinado ao 1.º Exército britânico, comandado pelo general Horne.
7 de Novembro - Revolução Bolchevique, de «Outubro» de acordo com o calendário juliano, atrasado 10 dias em relação ao gregoriano, usado em quase todo o mundo. Os «bolcheviques», grupo dissidente do Partido Social-Democrata Russo, tomam o poder, derrubando a República democrática.
26 de Novembro - A 2.ª Divisão do CEP assume a responsabilidade da sua parte do Sector Português na frente.
5 de Dezembro - Sidónio Pais, embaixador de Portugal em Berlim de 1912 a 1916, na altura professor da escola de Guerra ( actual Academia Militar ), e major, chefia uma revolução que o levará ao poder três dias depois. O movimento e a situação política que criou será conhecido pelo «Dezembrismo», e teve o apoio do Partido Unionista.
- Armísiticio Russo-Alemão de Brest-Litovsk.
8 de Dezembro - Afonso Costa, presidente do conselho de ministros, é preso.
9 de Dezembro - O Congresso (Parlamento) é dissolvido.
12 de Dezembro - O Presidente da República, Bernardino Machado, é destituído.
1918
6 de Janeiro - Tentativa de acção contra-revolucionária levada a cabo por marinheiros da Armada.
10 de Janeiro - Todos os órgãos de administração regional - Juntas Gerais de Distrito, Câmaras Municipais e Juntas de Freguesia, - são dissovidos, nomeando-se comissões em sua substitução.
15 de Janeiro - O segundo contingente do CAPI desembarca em França. O comando do corpo é entregue ao tenente-coronel Tristão da Câmara Pestana.
23 de Fevereiro - Alteração da Lei da Separação entre o Estado e a Igreja, com restituição ao clero dos seus poderes em relação ao culto.
2 de Março - Sidónio Pais assiste à Missa na Sé de Lisboa.
3 de Março - Assinatura do tratado de Brest-Litovsk entre a Alemanha e a Rússia soviética. A Rússia abandona a guerra.
9 de Março - É criado o Ministério da Agricultura, considerado um sector prioritário pelo Sidonismo.
11 de Março - O sufrágio universal é instituído, pela primeira vez, em Portugal, cumprindo-se um dos principais pontos do programa republicano durante a monarquia, e que os partidos republicanos se recusaram sempre a cumprir.
16 de Março - A 1.ª bateria do 1.º grupo de artilharia do CAPI entra em acção.
19 de Março - É decidido a transferência do CAPI para o CEP. A transferência não se efectuará devido à ofensiva alemã de 21 de Março.
21 de Março - Começo da ofensiva alemã na Frente Ocidental, conhecida por «Kaiserschlacht». .
22 de Março - Decreto que decide a rendição do pessoal em serviço no CEP.
27 de Março - O CEP deveria ter começado a ser rendido. A ofensiva alemã no Somme impede a rendição.
Abril - Congresso da União Republicana.
6 de Abril - É aprovada a reorganização do CEP. A 2.ª divisão, reforçada, tomaria conta do sector português. O CEP deixaria de existir. A 1.ª divisão deveria ser enviada para reserva, e a 2.ª divisão ficaria subordinada ao 11.º corpo de Exército britânico, sob as ordens do general britânico Hacking. A visita deste às tropas portuguesas decidiu-o a também retirar a 2.ª divisão da linha da frente. A ordem deveria ser posta em prática no dia 9 de Abril.
9 de Abril - A batalha do Lys começa, com uma prolongada barragem de artilharia alemã. A 2.ª divisão do CEP é destruída no decurso da batalha.
10 de Abril - O antigo CAPI dirige-se para o porto francês do Havre, para embarcar para a Grã-Bretanha, para receber instrução. Três baterias ficam à disposição do exército francês.
13 de Abril - A 1.ª e 2.ª brigadas de infantaria retiram para a nova linha de defesa em construção entre Lilliers e Stennberg.
28 de Abril - Eleições presidenciais, por sufrágio directo e universal, sendo Sidónio Pais o único candidato, e legislativas.
8 de Maio - A Biblioteca Nacional torna-se a depositária única legal de todas as publicações impressas.
27 de Maio - Ataque alemão ao sector francês da frente, em frente de Paris.
6 de Junho - A 6.ª divisão americana contra-ataca o exército alemão. É a primeira intervenção de uma unidade americana na frente ocidental.
Julho - O general Tomás António Garcia Rosado é nomeado comandante do CEP, em substituição do general Tamagnini.
4 de Julho - A 1.ª Divisão do CEP passa a estar subordinada ao 5.º Exército britânico, comandado pelo general Birdwood.
10 de Julho - Reatamento das relações diplomáticas de Portugal com a Santa Sé.
12 de Julho - O ensino primário passa torna-se responsabilidade do governo, terminando a experiência de descentralização.
14 de Julho - O governo é autorizado a contrair um empréstimo para criação de escolas de instrução priméria, integrando cantinas para alimentação dos alunos, que será gratuita para os pobres.
15 de Julho - «Ofensiva da Paz». O exército alemão ataca em direcção a Paris.
18 de Julho - Criação da organização católica Cruzada Nun'Álvares, com intenção de federar a direita portuguesa não republicna.
- Segunda Batalha do Marne. O exército alemão recua em frente de Paris.
3 de Agosto - Debate no Parlamento sobre o Problema Religiosos, que provocou grande agitação, e o seu encerramento três dias depois.
8 de Agosto - Os exércitos aliados retomam a ofensiva. O 4.º exército britânico ataca o sector alemão em frente de Amiens. Segundo o general Ludendorff é «o dia mais negro do exército alemão».
8 de Setembro - Começo da distribuição de senhas de racionamento e de cartas de consumo.
14 de Setembro - Os comícios organizados pela União Operária Nacional contra a carestia de vida, são proibidos.
29 de Setembro - A Bulgária assina um armistício com os Aliados e abandona a Guerra.
12 e 13 de Outubro - Tentativa revolucionária em diversas localidades do país. É declarado o estado de emergência pelo governo, que consegue controlar a situação.
14 de Outubro - O draga-minas Augusto de Castilho, comandando pelo comandante Carvalho Araújo é torpedeado por um submarino alemão.
- A Turquia, derrotada na Mesopotâmia (actual Iraque) e na Palestina, abandona a guerra.
16 de Outubro - «A Leva da Morte». O transporte de um grupo de presos, em Lisboa, provoca um tiroteio que leva à morte de algumas pessoas.
29 de Outubro - A República da Checoslováquia é proclamada em Praga. A Hungria proclama a sua separação do Império Austro-Húngaro.
3 de Novembro - É declarado o cessar-fogo com as forças armadas austro-húngaras.
9 de Novembro - Guilherme II, Imperador alemão, abdica.
11 de Novembro - O Armistício proposto pelos aliados é aceite pela Alemanha..
12 de Novembro - Tentativa de Greve Geral convocada pela União Operária Nacional.
23 de Novembro - Chegam a Lisboa, vindas da Grã-Bretanha, as primeiras tropas do antigo Corpo Expedicionário Português.
3 de Dezembro - As Câmaras do Congresso reúnem-se para comemorar a assinatura do Armistício. Cunha Leal, na Câmara dos Deputados, e Machado dos Santos, no Senado, criticam a política do Sidonismo em relação à participação de Portugal na guerra.
5 de Dezembro - Atentado contra Sidónio Pais por um membro do Partido Democrático, de que o presidente da república sai ileso.
9 de Dezembro - Parte para Cherburgo, porto de embarque, o primeiro contingente de tropas do CEP, estacionadas em França, que regressam a Portugal.
14 de Dezembro - Sidónio Pais é assassinado em Lisboa, na Estação do Rossio, baleado por um sargento do exército.
16 de Dezembro - Canto e Castro é eleito presidente da República, pelas duas câmaras do Congresso.
1919
3 de Janeiro - Manifesto da Junta Militar do Norte, do Porto, que se assume como representante do sidonismo.
12 de Janeiro - Movimento revolucionário, de cariz republicano, em Santarém que leva a confrontos com o exército durante alguns dias.
18 de Janeiro - Inicia-se a Conferência de Paz, em Versalhes, França. A delegação portuguesa é chefiada por Egas Moniz.
19 de Janeiro - A Monarquia é proclamada em Lisboa e no Porto. Organiza-se uma Junta Governativa do Reino dirigida por Paiva Couceiro, que declara o estado de sítio em todo o território continental. O movimento ficará conhecido por «Monarquia do Norte».
20 de Janeiro - Manifestações em Lisboa de apoio à República. Organização de Batalhões de Voluntários para combaterem a insurreição monárquica do Norte.
13 de Fevereiro - As forças republicanas ocupam o Porto, depois de terem avançado pelo litoral centro, de Lisboa até ao Porto.
6 de Março - O governo é autorizado a contrair um empréstimo para a construção de bairros operários na margem sul do Tejo.
1919
Fevereiro, 19 - Assinatura do decreto de dissolução do parlamento sidonista, que será publicado no dia 21.
Fevereiro, 21 - Comício do Partido Democrático em Lisboa, no Coliseu dos Recreios, em que discursam Estêvão Pimentel, Cunha Leal, Costa Júnior e Ramada Curto.
Fevereiro, 23 - Devido a tumultos provocados pelos democráticos, que obrigaram o governo de José Relvas a refugiar-se no Quartel do Carmo, é decretada a extinção da polícia cívica e demitido o governador civil de Lisboa.
- Sai o primeiro número do jornal anarco-sindicalista A Batalha, afirmando-se como o porta-voz da organização operária portuguesa.
Março, 1 - Aprovação de uma nova lei eleitoral, restaurando as leis eleitorais da República Velha, que restringiam a capacidade eleitoral aos chefes de família que sabiam ler e escrever.
Março, 14 - Vários professores de Coimbra são suspensos, entre os quais Salazar, Fezas Vital, Magalhães Colaço e Carneiro Pacheco, Diogo Pacheco de Amorim e Mendes dos Remédios.
Março, 27 - O governo multipartidário de Relvas apresenta a demissão.
- Greve dos tipógrafos em Lisboa.
Março, 30 - Novo governo, presidido pelo democrático Domingos Pereira, com um independente, cinco democráticos, três evolucionistas, dois unionistas e dois socialistas..
Abril, 7 - Criação da Polícia de Segurança do Estado a partir da Polícia Preventiva, até aí mera secção da Polícia Cívica de Lisboa que contava com 27 agentes.
Abril, 13-15 - Tentativa de criação de um partido republicano conservador, com unionistas e sidonistas. A Junta Municipal de Lisboa do Partido Evolucionista não aceita a integração no novo partido.
Abril, 16 - Nova tentativa malograda de unificar a oposição ao partido democrático, patrocinada por Egas Moniz, tentando criar um partido republicano reformador.
Abril, 17 - Nova lei do arrendamento, que proíbe o aumento das rendas de casa..
Abril, 25 - Começo da construção do bairro social do Arco do Cego em Lisboa.
Abril, 28 - Greve dos metalúrgicos e dos serviços camarários em Lisboa.
Maio, 1 - Comemoração do 1.º de Maio, com um comício convocado pela União dos Sindicatos Operários de Lisboa. A reunião agrega mais de 30.000 pessoas no Parque Eduardo VII.
Maio, 2 - Recomeço das greves, na Carris, nas águas, cesteiros e alfaiates. O Conselho de Ministros lança um apelo aos sindicatos.
Maio, 3 - O ministro da guerra manda prender os grevistas da Companhia das águas.
Maio, 10 - Publicação de trinta suplementos do Diário do Governo, no dia anterior às eleições. São criados cerca de 17 mil novos empregos públicos.
- Decreto do governo repõe em vigor uma lei de João Franco - a célebre lei celerada - contra os delitos de tipo social. O novo diploma pune bombistas, com possibilidade de degredo para o Ultramar.
- A GNR, a guarda pretoriana do regime republicano, aumenta os efectivos para 18 956 homens, tendo começado em 1911 com cerca de 5.000 homens.
Maio, 11 - Realizam-se as eleições, marcadas para 13 de Abril mas adiadas, com vitória dos democráticos. Apenas 7% dos eleitores participaram.
24 de Maio - Os Fascistas italianos obtêm a maioria absoluta em Itália.
Junho, 2 - Reabertura do Congresso da República. O presidente da república, o almirante Canto e Castro, renuncia ao cargo.
Junho, 3 - Greve dos caminhos-de-ferro, que durará dois meses.
Junho, 6 - O Governo encerra o sindicato dos ferroviários.
Junho, 12 - O Governo presidido por Domingos Pereira pede a demissão.
Junho, 17 - Greve geral de 48 horas, com sucesso parcial. Explodem várias bombas em Lisboa, e a sede da União Operária Nacional é encerrada.
Junho, 20 - Sai o primeiro número de Avante!, intitulando-se diário operário da tarde.
Junho, 28 - A Alemanha assina o Tratado de Versalhes, após o Reichtag ter votado favoravelmente as condições da paz.
Junho, 29 - Nomeação do governo de Sá Cardoso, dominado pela «ala moderada e conciliadora» do partido democrático.
Julho, 31 - Regressam as perseguições aos católicos, com um assalto à igreja dos Congregados e ao jornal O Debate.
Agosto, 6 - António José de Almeida é eleito presidente da república.
Agosto, 15 - Durante a greve dos ferroviários, explodem algumas bombas na estação do Rossio, há cenas de tiros no Entroncamento, continuando os descarrilamentos de comboios. Grevistas são colocados nos primeiros vagões das composições.
Setembro, 1 - Fim da greve dos ferroviários.
Setembro, 3 - Tumultos, em Lisboa devido à destruição pela câmara municipal do passeio central do Rossio.
Setembro, 18 - Criação da Confederação Geral do Trabalho, durante o 2.º Congresso Operário Nacional.
Setembro, 22 - A revisão constitucional concede ao Presidente da República o direito de dissolução do Congresso.
Outubro, 5 - António José de Almeida toma posse do cargo de presidente da república.
- Aparece o primeiro número de A Bandeira Vermelha, intitulado semanário comunista, institucionalizando-se a Federação Maximalista Portuguesa, criada anteriormente.
- É criado o Partido Republicano Liberal, tendo como base os partidos evolucionista e unionista, que se tinham dissolvido em fins de Setembro.
Outubro, 13 - Vários grupos sidonistas aderem ao partido liberal. O directório do Partido Nacional Republicano aconselha a dissolução do partido, liderado por Egas Moniz.
Outubro, 20 - Os monárquicos integralistas anunciam que se desligam da obediência a D. Manuel II.
Novembro, 22 - Reunião do 2.º Congresso do Centro Católico Português, o congresso da reestruturação, realizado em Lisboa.
Dezembro, 18 - Numa encíclica de Bento XV aos prelados portugueses, o papa apoia a criação do Centro Católico Português.
1920
Janeiro, 3 - Remodelação governamental, com entrada de mais radicais para o governo.
Janeiro, 8 - Sá Cardoso apresenta a demissão do seu governo. O presidente da república, António José de Almeida, convida o dirigente do partido liberal Fernandes Costa a formar governo..
Janeiro, 10 - O Pacto da Sociedade das Nações entra em vigor, sendo Afonso Costa o primeiro representante português na assembleia da Sociedade das Nações.
Janeiro, 15 - O governo escolhido por Fernandes Costa não chega a tomar posse, face a uma manifestação de rua, dirigida pelos radicais do partido democrático, conhecidos pelo nome colectivo de «formiga branca».
- Tentativa de assalto ao jornais liberais A Luta e a República, tendo o António Granjo, ministro indigitado do novo governo, que os defender sucessivamente com armas na mão.
- O anterior governo, dirigido por Sá Cardoso, dominado pela ala radical do partido democrático é reconduzido.
Janeiro, 17 a 21 - Várias personalidades são convidadas a formar governo, desistindo sucessivamente, até que Domingos Pereira consegue formar governo, composto de quatro ministros democráticos, 4 liberais e um socialista.
Fevereiro, 21 - Arrebentam várias bombas em Lisboa, continuando os tumultos no dia 22, com ataque ao jornal O Século, e no dia 23, em que se julgou o processo contra o oficial sidonista Teófilo Duarte, que terminou com a sua demissão do exército.
Março, 4 - O governo de Domingos Pereira apresenta a demissão. Continuam os atentados terroristas e as greves.
Março, 5 - António Maria da Silva é convidado a formar governo, mas logo desiste por não ter consigo o apoio dos populares.
Março, 7 - O antigo governador de Moçambique, Álvaro de Castro abandona o partido democrático.
Março, 8 - O governo de António Maria Baptista é empossado. O gabinete é constituído por membros do partido democrático, havendo um ministro independente, o liberal Júdice Biker.
Março, 9 - A dissidência reconstituinte - Núcleo de Acção de Reconstituição Nacional, mais tarde Partido Republicano de Reconstituição Nacional - é apresentada no parlamento, sendo dirigida por Álvaro de Castro, tendo como apoio alguns dirigentes democráticos e dissidentes do partido liberal
Março, 17-19 - Grandes tumultos, provocados pela onda de greves. Sindicalistas disparam sobre a Guarda Nacional Republicana.
Março, 19 - Uma força naval inglesa faz exercício de tiro real em frente ao Terreiro do Paço, no dia em que se temia o desencadear de uma revolução bolchevique em Lisboa.
Março, 20 - A sede da CGT foi encerrada, por ter apelado à greve geral, o que provocou confrontos entre os grevistas e forças da GNR. Será reaberta em 28 de Abril.
Março, 27-28 - A Batalha suspende a sua publicação regular como jornal diário, um que despoleta uma greve de protesto no dia seguinte.
Abril, 12 - São lançadas bombas contra uma manifestação de apoio ao governo na Rua Augusta, que provocam várias mortes.
Abril, 14-15 - Atentados em Lisboa, Porto, Faro e Beja.
Abril, 24 - Adopção de um tipo único de pão, sendo aumentado o preço do trigo estrangeiro.
Maio, 1 - Comemorações do 1º de Maio. A onda de greves começa a diminuir, apoiando-se o governo republicano nos grupos de defesa da República.
Maio, 6 - O deputado socialista Ladislau Batalha critica o tipo único de pão, por significar pão mais caro e pior. Entrará em funcionamento em 11 de Julho.
Maio, 11 - É criado o Tribunal de Defesa Social, para julgar «criminosos de delitos sociais e bombistas».
Maio, 17 - Sacadura Cabral realiza o percurso aéreo Inglaterra - Londres, com escala na Galiza e na Bretanha.
Maio - É lançado à água o contra-torpedeiro Vouga, da marinha de guerra portuguesa.
25 de Maio - Decreto de reorganização do Exército. Previa a existência de 8 divisões e 1 brigada de cavalaria, com um quadro permanente de 1.773 oficiais e 9.926 praças. O serviço militar devia ser geral e obrigatório. Os mancebos passavam por uma escola de recruta, de 15 a 30 semanas, sendo chamados quase todos os anos (7 em 10) para as escolas de repetição, que duravam 2 semanas. Criavam-se também escolas de quadros, que formariam os futuros oficiais milicianos.
28 de Maio - Realizam-se as eleições para a Assembleia Nacional Constituinte.
Junho, 3 - O general Gomes da Costa é condenado a 20 dias de prisão correccional por ter criticado o. ministro da guerra João Estêvão Águas num artigo em A Capital.
Junho, 3 - Morte do presidente do governo, António Maria Baptista, em pleno conselho de ministros, sendo imediatamente substituído por José Ramos Preto.
Junho, 18 - O Governo apresenta a demissão, depois de ser criticado por aumentar os vencimentos dos membros dos gabinetes ministeriais. Várias personalidades são convidadas sucessivamente para constituir governo, desistindo.
Junho, 19 - Governo de António Granjo, formado por democráticos, populares e socialistas, tendo a oposição dos liberais e dos reconstituintes.
Julho, 1 - Entra em funcionamento o Tribunal de Defesa Social, criado em 11 de Maio próximo passado.
Julho, 4 - O juiz do Tribunal de Defesa Social Pedro de Matos, é assassinado, sendo o tribunal atacado à bomba de seguida.
Julho, 8 - Movimentos grevistas e tumultos em todo o país, sem controlo sindical. São chamadas revoltas da fome.
- O governo demite-se sendo convidados vários chefes militares a formar governo, desistindo todos.
Julho, 9-19 - Novos movimentos grevistas e tumultos por todo o país, continuando as greves da fome.
Julho, 21 - Governo dirigido pelo liberal António Granjo.
- D. Miguel II de Bragança renuncia à sua pretensão à coroa de Portugal, no seu terceiro filho, D. Duarte Nuno, confiando a sua tutela a sua irmã D. Maria Aldegundes de Bragança. Será reconhecido pela Junta Central do Integralismo Português em 2 de Setembro.
Julho, 30 - O movimento grevista e bombista continua por intermédio da Legião Vermelha.
Agosto, 20 - Atentado contra outro juiz do Tribunal de Defesa Social, o Dr. Félix Horta.
Setembro, 7 - O aumento do preço do pão, decretado no dia anterior, dá origem a uma vaga de tumultos e greves que só acabará dois meses mais tarde.
Setembro, 20 - Forças do exército ocupam a estação do Barreiro e outras da linha do Sul, em preparação para a anunciada greve dos ferroviários.
Setembro, 30 - Greve dos ferroviários. O governo utiliza os sapadores do Exército para conseguir manter as linhas em funcionamento. As linhas são dinamitadas, ao que o governo responde colocando à frente dos comboios os grevistas presos.
Outubro, 6 - Decretada a mobilização geral de todos os meios de transporte
Novembro, 15 - O governo demite-se, por ter perdido o apoio dos liberais e dos reconstituintes, apesar de ter sido aprovada uma moção de confiança no parlamento.
Novembro, 19 - Novo governo dirigido pelo reconstituinte Álvaro de Castro. Dura dez dias.
- Um decreto aplica aos indígenas das colónias que adoptarem um modo de vida civilizado os direitos civis dos europeus.
Novembro, 22 - Reunião do patronato na presença de Álvaro de Castro, onde se defende a revisão da Constituição no sentido da participação das forças vivas, à semelhança da segunda câmara do sidonismo, e das propostas da Vida Nova de Oliveira Martins.
Novembro, 25 - O governo é demitido ao ser aprovada uma moção de desconfiança. Após as habituais recusas, o presidente convida o tenente-coronel Liberato Pinto, o reorganizador da GNR em 1919, a formar um governo de concentração republicana.
Dezembro, 9 - O ministro das finanças Cunha Leal reconhece que Portugal se encontra sem recursos em Lisboa e a descoberto em Londres, afirmando que o país está «sem recursos necessários para comprar o pão nosso de cada dia».
1921
Janeiro, 4 - Delegação da Associação Industrial Portuguesa, liderada por Alfredo da Silva, apoia o governo de Liberato Pinto.
9 a 10 de Janeiro - Congresso da Confederação Patronal Portugesa..
27 de Janeiro - O jornal A Batalha, órgão da Confederação Geral do Trabalho, publica o programa de um futuro Partido Comunista Português.
3 de Fevereiro - Ramada Curto apelida os democráticos de «grande cooperativa de produção e consumo».
11 de Fevereiro - O governo de Liberato Pinto demite-se.
25 de Fevereiro - Bernardino Machado é convidado a formar governo.
2 de Março - Governo de Bernardino Machado.
16 de Março - Fundação do Partido Comunista Portugês, com base na Federação Maximalista Portuguesa.
22 de Março - Raid aéreo ao Funchal. Os oficiais de marinha do Centro de Aviação Marítima, Gago Coutinho, Sacadura Cabral e Betencourt acompanhados do mecânico Roger Suberand voam até à ilha da Madeira, utilizando pela primeira vez o sextante.
30 de Março - Liberato Pinto é demitido de Chefe de Estado Maior da GNR.
7 de Abril - Os corpos dos dois Soldados Desconhecidos, um morto na Europa o outro em África, chegaram ao Arsenal da Marinha, sendo colocados no átrio do Palácio do Congresso da República.
9 de Abril - Cerimónia de homenagem ao Soldado Desconhecido, na Batalha..
17 de Maio - O major Marreiros, director da Polícia de Segurança do Estado é demitido.
18 de Maio - Criação da União Anarquista Portuguesa, em Alenquer.
21 de Maio - O capitão Pires Monteiro, comandante das baterias de metralhadoras da GNR, aquarteladas na Graça, promove um pronunciamento militar para derrubar o governo chefiado por Bernardino Machado, convencido pelo major Marreiros, de que se preparava um golpe de estado para colocar Bernardino na presidência da república e Álvaro de Castro como presidente do governo. O pronunciamento foi rapidamente controlado.
23 de Maio - O governo de Bernardino Machado demite-se. O pronunciamento teve o efeito desejado. É substituído pelo governo liberal de Tomé de Barros Queirós
17 de Junho - Manifestação dos comerciantes de Lisboa, que encerraram os seus estabelecimentos em sinal de protesto pelas frequentes greves dos eléctricos, que segundo diziam, lhes acarretavam graves prejuízos.
26 de Junho - Manifesto de Baiona de D. Maria Aldegundes de Bragança, filha de D. Miguel I, tia e tutora de D. Duarte Nuno, defendendo uma monarquia tradicionalista.
7 de Julho - Publicação da declaração de princípios do PCP.
10 de Julho - Eleições legislativas com vitória dos liberais. Oliveira Salazar é eleito deputado por Guimarães, pelo Centro Católico.
5 de Agosto - O governo demite-se, ao ter conhecimento de que os financeiros americanos com quem estavam em negociações para realização de um empréstimo externo, por intermédio de Afonso Costa, não passavam de meros vigaristas.
10 de Agosto - Governo conservador de António Granjo.
14 de Agosto - Festa da Pátria para comemoração da Batalha de Aljubarrota e para homenagem à memória de Nuno Álvares Pereira, que havia sido canonizado.
5 de Setembro - A crónica parlamentar do Diário de Notícias desvirtuou as afirmações de António Granjo no Senado, em 2 de Setembro, provocando o regresso da questão religiosa, com a realização de um comício anticatólico em Loures.
30 de Setembro - Tentativa de golpe de estado dirigido pelo tenente-coronel Manuel Maria Coelho. Preso é libertado por António Granjo.
19 de Outubro - Golpe de 19 de Outubro, conhecido pela Noite Sangrenta. São assassinados António Granjo, Machado dos Santos, Carlos da Maia, Freitas da Silva, Botelho de Vasconcelos, entre outros. O assassino de Sidónio Pais é libertado e homenageado. O coronel Manuel Maria Coelho é empossado na presidência do governo por António José de Almeida. O golpe é promovido por radicais e dissidentes do partido democrático.
21 de Outubro - Alfredo da Silva foge para Espanha escapando a um atentado em Leiria.
24 a 27 de Outubro - Os implicados nos assassinatos de dia 19 são presos.
30 de Outubro - Manifestação de apoio a António José de Almeida, que tinha manifestado intenção de se demitir.
31 de Outubro - Atentado à bomba contra consulado dos Estados Unidos em protesto contra a condenação à morte dos anarquistas norte-americanos Sacco e Vanzetti.
3 de Novembro - O governo demite-se afirmando temer uma intervenção estrangeira. Maia Pinto forma governo, com populares e dissidentes do partido democrático. É um governo próximo dos golpistas de 19 de Outubro.
6 de Novembro - O Congresso é dissolvido, sendo marcadas eleições para 11 de Dezembro.
9 de Novembro - Um comboio de passageiros é descarrilado, propositadamente, na linha do sul e sueste, entre Aljustrel e Figueirinhas, ocasionando muitas mortes e ferimentos.
5 de Dezembro - As eleições são adiadas para 8 de Janeiro de 1922.
15 de Dezembro - O governo demite-se.
16 de Dezembro - Governo Cunha Leal, com representantes de todos os partidos.
19 de Dezembro - O decreto de dissolução do Congresso de 6 de Novembro é considerado nulo.
27 de Dezembro - Governo retira-se para Caxias, Aairmando haver perigo de golpe de estado, e chama Gomes da Costa para comandar as forças do exército concentradas no campo entrincheirado.
1922
1 de Janeiro - O exército retira de Caxias.
3 de Janeiro - Adiamento das eleições de 8 para 29 de Janeiro. Gomes da Costa acusa o governo de ter faltado ao respeito ao exército.
21 de Janeiro - Formação de uma lista de «Gonjunção» entre liberais, reconstituintes, socialistas, reformistas, sidonistas e independentes, unidos para lutarem unidos contra o partido democrático.
29 de Janeiro - Eleições legislativas com vitória do Partido Democrático.
30 de Janeiro - Demissão do governo de Cunha Leal.
4 de Fevereiro - Afonso Costa recusa formar governo.
6 de Fevereiro - Governo democrático de António Maria da Silva. A Polícia de Segurança do Estado passa a designar-se Polícia de Defesa Social. O Exército continua a cercar Lisboa.
18 de Fevereiro - Tentativa de golpe de estado radical, «outubrista», Governo instala-se em Caxias e o presidente em Cascais.
23 de Fevereiro - O Congresso reabre após as eleições.
2 de Março - As forças da GNR são reduzidas. O corpo de marinheiros é transferido para Vila Franca de Xira.
13 de Março - As forças da GNR são novamente reduzidos ficando sem artilharia e metralhadoras. As forças são distribuídas pela província transformando-se em guarda territorial.
30 de Março - Partida de Gago Coutinho e Sacadura Cabral para a travessia aérea do Atlântico.
17 de Abril - Assinatura do Pacto de Paris entre monárquicos liberais e legitimistas. D. Duarte Nuno reconhece D. Manuel II, e este reconheceria D. Duarte como seu herdeiro.
19 de Abril - Gago Coutinho e Sacadura Cabral chegam à noite aos rochedos de S. Pedro e S. Paulo.
28 de Abril - Com a promulgação da Lei do garrote são suspensas novas entradas na função pública.
29-30 de Abril - Congresso do Centro Católico com participação activa de Salazar.
3 de Maio - Abertura pelo bispo de Leiria do processo de averiguação .sobre as aparições em Fátima de 1917.
5 de Maio - Os Integralistas Lusitanos suspendem a sua actividade política, em ruptura com o Pacto de Paris.
29 de Maio - Tumultos em Macau que provocam 32 mortos, e obrigam à declaração do estado de sítio no território.
Maio - Raid aéreo Lisboa - Madrid, realizado por cinco aviões. Só o Hercules, tripulado por Paiva Simões e António Alves concluiu a viagem.
5 de Junho - Gago Coutinho e Sacadura Cabral chegam ao Recife.
17 de Junho - Gago Coutinho e Sacadura Cabral chegam ao Rio de Janeiro.
20 de Junho - Liberato Pinto, antigo presidente de um governo democrático, Feliciano da Costa, sidonista e Xavier Pereira, radical, entre outros são deportados para os Açores, a bordo do navio Lima.
15 de Julho - Para o afastar de Lisboa, Gomes da Costa é enviado em inspecção extraordinária às colónias do Oriente. Timor e Macau. Só regressará em Maio de 1924.
31 de Julho - Aprovação de medidas de regresso ao proteccionismo face aos produtores de trigo.
5 de Agosto - Agitação popular contra as novas medidas do pão, com assaltos às padarias.
15 de Agosto - Revisão das medidas de produção de pão. Cria-se um pão de terceira.
26-29 de Agosto - Embarque do presidente da república, António José de Almeida, no paquete Porto para assistir ao primeiro centenário da Independência do Brasil. O navio só partiu no dia 29, devido a avaria. Chegará ao Brasil, muito depois do previsto no dia 17 de Setembro, devido a várias avarias e sabotagens.
2 de Setembro - Rebentamento de bombas no Porto.
7 de Setembro - Início das festas de comemoração do primeiro centenário da independência do Brasil.
8 de Setembro - Assassinato de Ségio Príncipe, dirigente da Confederação Patronal Portuguesa e da Associação Comercial dos Lojistas de Lisboa, considerado defensor de uma solução radical de direita para o problema político português.
1 de Outubro - Realiza-se o 3.º Congresso Operário Nacional, na Covilhã.
26 de Outubro - Regresso de Gago Coutinho e Sacadura Cabral a Lisboa.
Outubro - Lançamento à água do contra-torpedeiro Tâmega, construído no Arsenal da Marinha
30 de Novembro - Recomposição do governo de António Maria da Silva.
3 de Dezembro - Comício de protesto, no Parque Eduardo VII, contra a nova lei do inquilinato, promovido pela União dos Sindicatos.
7 de Dezembro - Segunda recomposição do governo de António Maria da Silva.
14 de Dezembro - Início do julgamento dos implicados no golpe de 19 de Outubro de 1921.
23 de Dezembro - Inauguração dos pavilhões portugueses na Exposição Industrial do Rio de Janeiro, inaugurada em 7 de Setembro. O comissário geral de Portugal junta da exposição, Eng. Lisboa e Lima, tinha embarcado em 4 de Setembro.
1923
9 de Janeiro - Leonardo Coimbra demite-se de ministro da Instrução devido à tentativa de aprovação de uma lei que estabelece que o ensino «será neutral em matéria religiosa», o que permitiria de novo o ensino religioso.
27 de Janeiro - Com a regulamentação da Lei fiscal de 21 de Setembro os impostos directos são agravados, o que provocará uma estagnação dos investimentos e em meados do ano uma crise de confiança, que leva a uma corrida aos depósitos e à falência de cinco bancos.
5 de Fevereiro - Aparecimento do Partido Nacionalista resultante da fusão do Partido Republicano de Reconstituição Nacional com o Partido Republicano Liberal.
17 de Fevereiro - Publicação do Manifesto do Partido Nacionalista, escrito por Júlio Dantas.
27 de Fevereiro - Continuação da agitação laboral provocada pelo aumento do preço do pão, com deflagração de bombas.
9 de Março - As negociações com a Sociedade das Nações para a obtenção de um empréstimo são interrompidas, devido às contrapartidas exigidas pela instituição.
14 de Março - A esquadrilha aérea do Huambo, em Angola, efectuou o vôo Huambo-Benguela, num percurso de 380 quilómetros.
17 de Março - Inauguração do primeiro Congresso do Partido Nacionalista.
27 de Março - É divulgada uma nova pauta aduaneira.
29 de Março - Santos Dumont, o aviador brasileiro, aporta em Lisboa a bordo do paquete Massilia, e é alvo de manifestações de simpatia, sendo cumprimentado a bordo por Gago Coutinho e Sacadura Cabral.
13 de Maio - Os restos mortais do marquês de Pombal são trasladados da capela das Mercês na Rua do Século, em Lisboa, para a Igreja da Memória, tendo a urna estado em exposição no átrio da Câmara Municipal nos dias 12 e 13.
15 de Maio - O governo é autorizado a realizar um empréstimo interno no valor de 4 milhões de escudos, com a intenção de reduzir o défice e consolidar a dívida pública.
9 - 11 de Junho - Primeiro congresso do novo Partido Radical.
7 de Julho - Guerra Junqueiro, o autor de Finis Patriae e da Velhice do Padre Eterno, morre em Lisboa. O funeral foi realizado no dia 14, tendo o seu corpo sido depositado no Mosteiro dos Jerónimos.
17 de Julho - Devido à proibição pela censura da peça de teatro Mar Alto, de António Ferro, Fernando Pessoa, Raul Brandão, António Sérgio, Jaime Cortesão e Aquilino Ribeiro divulgam um protesto público.
26 de Julho - O cardeal patriarca de Lisboa, D. António Mendes Belo, é feito sócio da Academia das Ciências, restabelecendo a tradição.
6 de Agosto - Eleição do Presidente da República pelo Congresso, com a escolha de Manuel Teixeira Gomes, embaixador de Portugal em Londres desde 1910, apoiado pelo Partido Democrático de Afonso Costa.
16 de Agosto - O governo decreta um novo regime cerealífero que termina com o pão politico. O preço do pão mais barato sobe 50 %.
13 de Setembro - O general Primo de Rivera assume a direcção do governo espanhol, instaurando uma ditadura militar, que durou cinco anos, de 1923 a 1928.
3 de Outubro - O presidente da República eleito, Manuel Teixeira Gomes, chega ao Tejo a bordo do cruzador britânico Carrysfort.
5 de Outubro - Tomada de posse do Presidente da República, Manuel Teixeira Gomes, perante as Câmaras Legislativas.
22 de Outubro - Kemal Ataturk proclama a república na Turquia.
9 de Novembro - Hitler tenta em Munique um golpe de estado que falha estrondosamente.
10 - 12 de Novembro - Realiza-se o primeiro Congresso do Partido Comunista Português, no aniversário da Revolução russa de 1917.
15 de Novembro - O ministério presidido por António Maria da Silva demite-se, sendo encarregado de formar governo Ginestal Machado, após a desistência de Afonso Costa no dia 7. O general Óscar Carmona é escolhido para a pasta da Guerra.
23 de Novembro - O tenente-coronel Ferreira do Amaral é nomeado comandante da Polícia.
1 - 4 de Dezembro - Congresso das Associações Comerciais e Industriais, presidido por Moisés Amzalak, tendo Salazar apresentado uma comunicação em que defendia uma política de contenção das despesas..
8 de Dezembro - Criação da Acção Realista Portuguesa por Alfredo Pimenta, com integração na Causa Monárquica.
10 de Dezembro - É desencadeado um movimento revolucionário radical contra o governo, dirigido pelo capitão de fragata João Manuel de Carvalho, comandante do contra-torpedeiro Douro. Após o disparo de alguns tiros, os chefes da revolta foram presos, mas tendo conseguido fazer com que o governo de Ginestal Machado pedisse a demissão no dia 14 seguinte.
15 de Dezembro - Reaparecimento do jornal Novidades, enquanto órgão da hierarquia católica.
18 de Dezembro - Tomada de posse do governo presidido por Álvaro de Castro, dissidente do Partido Nacionalista. António Sérgio é escolhido para Ministro da Instrução Pública.
1924
28 de Janeiro - Teófilo Braga morre em Lisboa. Fora o primeiro Presidente da República eleito
Fevereiro - Visita presidencial ao Porto.
22 de Fevereiro - As Juntas de Paróquia organizam uma manifestação contra o aumento do custo de vida, que acabou com a tentativa de invasão do Parlamento.
Março - Manifestação dos comerciantes de tabaco contra a aplicação das novas taxas propostas pelo governo.
15 de Março - Alberto Xavier consegue obter um empréstimo em Londres, junto da casa Baring Brothers.
2 de Abril - Começo do raid aéreo Lisboa - Macau, realizado pelos aviadores Brito Pais e Sarmento Beires, a bordo do avião Pátria.
23 de Maio - Reforma do sistema monetário, com criação de novas moedas.
30 de Maio - 7 de Junho - Revolta de oficiais da Aeronáutica Militar, devido à demissão do director da arma e à aplicação de um decreto considerado inconstitucional. Os oficiais entrincheiraram-se no Campo da Esquadrilha República.
3 de Junho - Início da primeira Festa da Raça, que se celebra durante uma semana até ao dia 10 de Junho.
20 de Junho - Termina o raid aéreo Lisboa - Macau, a bordo do Pátria II, avião de substituição do original, que se tinha despedaçado na Índia.
14 de Julho - Confrontos violentos entre a Polícia, o Exército e a Guarda Nacional Republicana, no Parque Eduardo VII, em Lisboa.
6 de Julho - Nomeado um novo governo chefiado por Alfredo Rodrigues Gaspar, dirigente do Partido Democrático, após nova recusa de Afonso Costa
11 de Agosto - Tentativa de golpe radical e comunista em Lisboa, com tentativa de ocupação do forte da Ameixoeira.
28 de Agosto - Nova tentativa de revolta radical com a participação de comunistas.
9 e 14 de Setembro - Os aviadores do raid Lisboa - Macau chegam a Lisboa, não sendo esperados oficialmente. A manifestação pública de regozijo realizou-se no dia 14.
9 de Setembro - Os impostos são agravados.
12 de Setembro - Nova tentativa radical e comunista de tomada do poder, com assalto ao Ministério da Guerra e à Central Telegráfica.
14 de Outubro - Tumultos no Porto e em Espinho.
7 de Novembro - O governo proibe a realização de uma manifestação de comemoração da revolução russa.
15 de Novembro - Sacadura Cabral desaparece quando o seu avião se despenhou no Mar do Norte, na viagem de regresso a Portugal, vindo da Holanda. A sua morte foi assumida oficialmente no dia 15 de Dezembro.
19 de Novembro - Demissão do Ministério Rodrigues Gaspar, provocada por desinteligências no seio do Partido Democrático.
22 de Novembro - Governo de José Domingos dos Santos, formado por membros do Partido Democrático.
1925
Janeiro - Celebrações do 4.º centenário da morte de Vasco da Gama, realizadas com algum atraso já que o navegador morreu em 24 de Dezembro de 1524, com lançamento da primeira pedra do monumento na Praça do Império.
2 de Janeiro - Portugal reconhece a Rússia Soviética.
10 de Janeiro - Morte de António Sardinha, ideólogo do Integralismo Lusitano.
31 de Janeiro - 1.º Congresso do Partido Radical, em Coimbra.
Fevereiro - A Associação Comercial de Lisboa foi encerrada por ordem do governo.
11 de Fevereiro - Queda do governo do partido democrático dirigido por José Domingos dos Santos provocada por uma moção de censura.
13 de Fevereiro - A União dos Interesses Sociais, onde pontificam dirigentes do Partido Socialista e do Partido Comunista, organiza uma manifestação junto ao Palácio de Belém, de apoio ao governo pedindo a sua recondução.
15 de Fevereiro - Governo dirigido pelo dirigente do Partido Democrático Vitorino Guimarães.
1 de Março - Realização das primeiras emissões de rádio em Portugal, levadas a cabo por Abílio Nunes dos Santos.
5 de Março - Tentativa de golpe militar, por três oficiais monárquicos, que tentaram ocupar o Quartel General de Lisboa.
14 de Março - O jornalista Homem Cristo Filho é proibido de realizar uma conferência em Coimbra.
16 de Março - Celebração do 1.º centenário do nascimento de Camilo Castelo Branco, com o descerramento de um busto do escritor numa rua do Porto.
2 de Abril - Conclusão do raid aéreo entre Lisboa e a Guiné, realizado pelos aviadores Pinheiro Correia, Sérgio da Silva e António Gouveia..
18 de Abril - Tentativa de golpe militar dirigida pelo general Sinel de Cordes, comandante Filomeno da Câmara e o tenente-coronel Raul de Esteves, com o apoio de quase toda a guarnição de Lisboa. Não tendo comparecido no Parque Eduardo VII uma parte das forças militares, o golpe foi vencido, após alguns combates.
- O estado de sítio é declarado em todo o país, suspendendo-se todas as garantias constitucionais.
15 de Maio - Duplo atentado a tiro contra o comandante da polícia Ferreira do Amaral, organizado pela Legião Vermelha, organização ligada ao PCP.
28 de Maio - Morte de João Chagas.
29 de Maio - Morte do actor Eduardo Brasão, com oitenta anos.
Junho - Chegada ao Tejo da divisão naval que tinha realizado o périplo de África.
3 de Junho - Tentativa de greve geral de protesto contra as deportações sem julgamento de presos por delitos sociais..
17 de Junho - É aprovado a fundação do Banco de Angola e Metrópole, do burlão Alves dos Reis.
25 de Junho - Golpe militar de direita na Grécia.
30 de Junho - Queda do governo Vitorino Guimarães, após uma tumultuosa sessão parlamentar que durou 19 horas.
1 de Julho - Novo governo, presidido por António Maria da Silva.
19 de Julho - Tentativa de golpe militar dirigido pelo comandante Mendes Cabeçadas, com intenção de conseguir a dissolução do Parlamento. Sem apoio significativo falhou e Mendes Cabeçadas foi preso.
20 de Julho - António Maria da Silva pede a demissão.
1 de Agosto - Governo dirigido por Domingos Leite Pereira.
1 de Setembro - Começo do julgamento dos oficiais implicados nos golpes de 18 de Abril e de 19 de Julho, presidido pelo general Alberto Ilharco, tendo como promotor de justiça o general Óscar Carmona.
26 de Setembro - Leitura da sentença do julgamento dos oficiais implicados no golpe de 18 de Abril. Os réus são absolvidos.
- 6.º Congresso dos Trabalhadores Rurais.
8 de Novembro - Eleições legislativas, com vitória do Partido Democrático.
19 de Novembro - Fim do julgamento dos implicados no golpe de 19 de Julho, com absolvição dos réus.
23 de Novembro - O jornal O Século publica o primeiro artigo sobre o caso do Banco Angola e Metrópole de Alves dos Reis, com o título «O que há?».
2 de Dezembro - Abertura do Parlamento.
6 de Dezembro - Alves dos Reis, director do Banco Angola e Metrópole, é preso.
10 de Dezembro - Renúncia ao cargo do presidente da república Teixeira Gomes
11 de Dezembro - Bernardino Machado é eleito novamente presidente da república, após a renúncia de Teixeira Gomes.
17 de Dezembro - Teixeira Gomes abandona o país, dirigindo-se para Oran, na Argélia, para fazer uma cura de repouso.
18 de Dezembro - Novo governo presidido por António Maria da Silva, devido à demissão do dirigido por Domingos Pereira. Foi o último governo da 1.ª República.
1926
17 a 19 de Janeiro - 1.º Congresso dos Mutilados Portugueses da Grande Guerra em Coimbra.
Fevereiro - Greve académica contra medidas do governo, consideradas lesivas dos estudantes.
1 de Fevereiro - Revolta da escola Prática de Artilharia em Vendas Novas, dirigida pelos radicais Martins Júnior e alferes Lacerda de Almeida. Depois da prisão dos oficiais, o regimento comandado pelos sargentos dirigiu-se para o Seixal tendo ocupado o forte de Almada, donde dispararam contra Lisboa.
12 de Fevereiro - O general Gomes da Costa recusa o convite de Mendes Cabeçadas para dirigir o golpe militar que está a preparar.
8 de Março - Afonso Costa é eleito presidente da Assembleia extraordinária da Sociedade das Nações.
13 de Maio - Lançamento da primeira pedra do monumento ao Marquês de Pombal na Rotunda, em Lisboa.
25 de Maio - Gomes da Costa aceita a direcção do movimento militar, partindo para Braga.
28 de Maio - Início do golpe militar de Braga, dirigido pelo general Gomes da Costa.
29 de Maio - António Maria da Silva apresenta a demissão do seu governo.
- A guarnição de Lisboa, adere ao golpe de Gomes da Costa.
30 de Maio - Mendes Cabeçadas forma governo, por convite de Bernardino Machado.
31 de Maio - O Congresso da República é encerrado por ordem do ministério da Guerra..
- Bernardino Machado apresenta a Mendes Cabeçadas a sua demissão da presidência da república.
3 de Junho - Mendes Cabeçadas forma novo governo. Não tendo sido nomeado pelo Presidente da República e não estando o Parlamento reunido, o novo governo não tem sustentação legal, e passa a governar em Ditadura, situação que se prolongará de facto até ao 25 de Abril de 1974.
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